Boa tarde CM e leitores. Antecipadamente grata pela oportunidade de comentar o novo tesourinho deprimente verbalizado pelo nosso vice acerca dos desempregados.
Q ueria dizer ao senhor vice (em minúsculas, não é erro) que avaliar as partes pelo todo é um tremendo erro de casting. Sabe, eu própria tenho conhecimento de procedimentos concursais mafiados onde candidatos com nota de 9,5 na prova escrita obtêm 20 na oral e ultrapassam miraculosamente candidatos de 14, 15 e 16 na escrita.
Sabe, num concurso recente para a AT a sua técnica especialista foi uma das contempladas com um cargo na inspeção tributária e logo depois a responsável por essa contemplação foi majestosamente recompensada com um prémio no vencimento.
Sabe,é tudo tão à descarada que eu pergunto a mim mesma como é possível enganar tanta gente e durante tempo.
Sabe, na família tenho alguém que há imenso tempo é contemplado com POT's. Para quem não sabe POT é um programa de ocupação temporário. Neste caso deveria ser POP, programa de ocupação permanente. Sim, um nome pomposo para esconder a vergonha que é mão de obra barata e qualificada. O meu familiar é licenciado, não tem medo de trabalhar e a prova está bem à vista. Está num POT a receber muito menos que o salário mínimo, a trabalhar bem mais que alguns técnicos especialistas. Não é subsidio-dependente, não se acostumou à `boa vida`, quer trabalhar, gostaria imenso de ter uma oportunidade na área de formação mas, infelizmente essas oportunidades estão encomendadas para amigo e afins.
Sabe, revolta-me imenso a sua opinião. Opinião de alguém que sempre foi um privilegiado, alguém que nunca soube o que era lutar por um trabalho, alguém sem conhecimento de causa. Você vive numa redoma, num mundinho cor de rosa de conto de fadas. Vou aceitar a sua opinião no dia em que conseguir sobreviver com a retribuição de um POT.
Sabe, por sua causa e do sistema que o alimenta, os melhores vão embora, desistem desta terra e vão ser reconhecidos e amados longe da terra que os viu nascer e os formou. E vamos ouvindo falar deles pelos jornais: fulano tal, madeirense, foi premiado em tal país pelo trabalho desenvolvido em tal área ... Poderia ser aqui. Poderíamos ser nós a recolher os louros da inteligência que cá nasce. Mas não. Exportamos os bons e ficamos com ... deixo o resto à sua consideração!
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