Atiram-nos areia para os olhos desde a Saúde

 

D epois de não fornecerem os dados à JPP, mesmo com a pressão dos Tribunais, o SESARAM surge hoje com um número flashoso para nos encantar e alguns dados, em forma de resposta a duas páginas no jornal do regime, para nos distrair. Tudo depois dos 118 mil utentes da Saúde Pública regional em Lista de Espera.

Todo foco da Saúde regional foi colocado na Covid-19, contudo, as outras doenças não deixaram de existir. É inevitável que, passado mais de um ano com a pandemia, sem nunca ter havido um plano para acudir a todas as patologias, que as Listas de Espera abarrotem sem solução. Chegaremos a conclusão de que as pessoas mais prejudicadas pela pandemia, em termos de saúde, foram os doentes não covid-19.

Tomei conhecimento de que a assistência a doentes prioritários foi negligenciada, os restantes nem é preciso dizer como suspiram. Deixar para segundo plano é uma forma de negligência, sobretudo na oncologia, doenças crónicas ou graves. Eu gostaria de ter dados fiáveis para avaliar se houve um aumento na mortalidade na Região. Aqueles colapsos de cardio-respiratórios têm muito que se diga.

Por conta do combate à pandemia, houve uma reorganização dos hospitais e centros de saúde, o que naturalmente levou ao adiamento de consultas, exames e cirurgias, tornando as urgências no hospital como a única solução. Tendo um médico à frente da Secretaria Regional de Saúde, quando os meses da pandemia se foram acumulando e sabendo que a mesma não seria  resolvida  rapidamente, deveria ter iniciado um plano alternativo. Isso nunca aconteceu, preferindo surfar a onda da propaganda com Covid-19 até à exaustão. Tão célere em ataques comparativos com o continente, acabou por cansar por culpa própria e distraiu-se. Primeiro com doentes visados pela não assistência e depois pelo público em geral. Não adianta fingir e fugir, as pessoas não são atendidas.

O tempo que o senhor secretário deixou passar, na minha contagem 14 meses, deveria algures pelo terceiro mês, com as perspectivas medonhas de duração da pandemia, reiniciar uma nova reorganização de todo o sistema de saúde. O secretário fugiu disso porque sabe que a Saúde Regional não gozava .... de boa saúde e, só a Covid-19, por si, era suficiente para prová-lo. Aqui sim entrariam os hospitais privados de forma transparente e lógica, auxiliando a Saúde Pública e não desviando/ despachando os utentes "fillet mignon" por questões comerciais. Tão atentos aos hospitais privados ociosos em circunstâncias normais, não se compreende o bloqueio na hora da verdade com a Covid-19/ Listas de Espera.

Neste momento, porque se distraíram, a complexidade das Listas de Espera é tal que entramos no descontrolo. À lista imensa somaram mais e com esta organização e meios continuarão engrossar. A complexidade reside sobretudo no plano da total afectação dos meios à Covid-19. Paralelamente, criaram medo em vez de lucidez, assim os doentes passaram a ter receio de se deslocar ao hospital com a fixação de que poderiam ser infectados, acabando por não realizar exames e tratamentos, o que pode significar diagnósticos tardios a breve trecho.

As outras doenças também são doenças, existiam antes da Covid-19 com igual gravidade e urgência para serem tratadas. O senhor secretário parece que fica satisfeito por não se morrer com a Covid-19, por atitude política, esquecendo-se das outras patologias das quais se morre sem visibilidade. Também são óbitos.

É preciso nova estratégia para a Saúde mas, como sempre, o Governo Regional insiste no modelo que adoptou, porque mudar seria um reconhecimento de erro quando cada decisão tem o seu tempo.

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Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 25 de Maio de 2021
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