As falhas do destino Madeira são, há vários anos, sempre as mesmas.

 

P or vezes compram-se estudos e mete-se na gaveta, nalgumas obras vemos os resultados. Outras vezes quer se saber a fórmula de sucesso, alguns, de forma independente analisam mas, a política é tão cruel que não implementa as soluções para conservar alguns cargos de gente inútil.

Segue-se uma avaliação do destino Madeira, apresentado no início 2015, tão actual e vamos conseguir piorar sem gente capaz de revitalizar o momento. Conclui-se que a Madeira não tem alternância política como também perpetua a cristalização dos mesmos em cargos, cria inércia e falta de ideias que nos matam. Anda por aí um histerismo para mostrar qualquer coisinha para alegrar o turismo quando o trabalho é colossal e está por fazer. Temos demasiada propaganda interna, erros na mensagem da marca Madeira e o pouco dinheiro para a promoção é mal gasto.

Procura

  • Aumento da taxa de sazonalidade na última década (+6 pp), com a tendência desde 2010 para a concentração da procura nos meses de Julho a Setembro, em substituição de meses de Novembro a Abril.
  • Elevada sazonalidade no Porto Santo, levando ao encerramento de muitas unidades hoteleiras durante a época baixa III.
  • Apesar da recuperação do Rev-PAR para valores próximos de 2008, este indicador em termos reais encontra-se em níveis de 1985, o que traduz uma baixa rendibilidade do sector.
  • Apesar da recuperação nos últimos anos da taxa de ocupação, nos empreendimentos turísticos, esta encontra-se ainda distante dos máximos registados nas décadas de 80 e 90.

Cruzeiros
(o que tínhamos e deixamos de ter, para além das mentiras)

  • Concentração das escalas de passageiros de cruzeiro entre Outubro e Abril (85%), compensando ciclos da sazonalidade.
  • Duração relativamente elevada das estadias de cruzeiros (6 a 10h), potenciando o aumento do gasto turístico dos passageiros em terra.
  • Potencial efeito da captação de passageiros de cruzeiro para posteriores visitas à RAM.
  • Reconhecimento do Funchal como porto de cruzeiros de referência aliado à sua localização favorável para rotas de reposicionamento.
  • Quebra de 19% das escalas de passageiros de cruzeiro em 2013, com aparentes sinais de estagnação em 2014.
  • Saturação de alguns destinos de cruzeiros, aumento da concorrência e pressão pelo preço, fazendo com que algumas companhias de cruzeiro deixem de querer operar na Madeira.
  • Impossibilidade do Porto do Funchal servir de turnaround em rotas de cruzeiro devido aos constrangimentos de acessibilidades aéreas.
  • E agora pós Covid-19 ???!!!

Alojamento

  • Elevado peso do Alojamento local na oferta global da RAM, resultando em cerca de 80% dos estabelecimentos turísticos da região sem o devido controlo de qualidade.
  • Envelhecimento do parque hoteleiro da RAM (idade média ≈ 20 anos sem remodelação), identificando-se diversos projectos, licenciados ou em fase de licenciamento, como eventual alternativa à requalificação das unidades existentes. (constrói-se novos e não se mantém os antigos).
  • Aumento da oferta desproporcional à evolução da procura, com a capacidade nos empreendimentos turísticos a aumentar mais do que o dobro desde 1990, tendo a procura aumentado apenas 85%.
  • Concentração da oferta hoteleira da RAM no concelho do Funchal, especialmente na zona do Lido, com as restantes localidades a deter unidades de menores dimensões.
  • Lacunas na informação disponível sobre a oferta de alojamento local e em regime de timeshare, limitando a análise do desempenho desta realidade.

Restauração

  • Destaque para o impacto dos cruzeiros na restauração do Funchal.
  • Desactualização de muitas das infra-estruturas de restauração face aos novos padrões requeridos pelos turistas (ex. qualidade do espaço, estética, serviço, …).
  • Lacunas na diversidade da restauração, com impacto na satisfação dos turistas.
  • Redução da procura na restauração, com o turista a apresentar uma maior sensibilidade ao preço e a considerar regimes de estadia com alimentação incluída (e cada vez se aposta mais no all inclusive e em mamutes hoteleiros).
  • Lacunas na oferta dos restaurantes da RAM face a preferências e intolerâncias alimentares (vegetarianismo, lactose, glúten, …).

Comércio

  • Envelhecimento do comércio, suas infra-estruturas, produtos e variedade, com impactos na percepção e satisfação do turista. (sucessivas crises tornaram o Funchal fantasmagórico).
  • Proliferação de estabelecimentos comerciais em locais turísticos que não oferecem produtos de qualidade e valor acrescentado para a região.
  • Falta de adaptação do comércio local às necessidades de desenvolvimento turístico do destino (produtos e circuitos turísticos, horários, …).
  • Lacunas na adaptação do comércio aos produtos turísticos oferecidos na Madeira (actividades de natureza, náutica de recreio,…).

Capital

  • Insuficiência de vagas oferecidas em algumas áreas formativas e elevada desistência dos alunos antes do final do curso. (muita emigração).
  • Idade média e antiguidade dos colaboradores nos empreendimentos turísticos na RAM superior à média nacional.
  • Inexistência de oferta educativa ao nível do ensino superior, apesar dos vários projectos previstos na Região nesse sentido.
  • Reduzida formação específica dos colaboradores do sector do turismo, sendo esta lacuna ainda mais acentuada na restauração e no comércio.
  • Gestão pouco profissionalizada da actividade turística, por parte dos diferentes agentes turísticos, com excepção dos grande grupos.
  • Dificuldade na retenção da mão-de-obra qualificada (maus vencimentos, novamente beneficia a emigração dos melhores).

Acessibilidades e mobilidade

  • Oferta limitada de voos directos e de diversidade de horários nas ligações para os mercados emissores, existindo um elevado tráfego nas ligações para a Madeira através de outros aeroportos.
  • Quebra em cerca de 20%, nos últimos 5 anos, do volume de passageiros no aeroporto do Porto Santo, decorrente da diminuição do tráfego com a ilha da Madeira.
  • Discrepância nos apoios concedidos às diversas companhias aéreas, suscitando algum sentimento de iniquidade entre algumas companhias.
  • Potencial de diminuição da atractividade das operações de ligação da Madeira ao Porto Santo, por via do decréscimo de passageiros no ferry e baixa taxa de ocupação nas ligações aéreas.
  • Lacunas na informação disponível e alternativas de mobilidade, tanto no Funchal como na Ilha da Madeira, dificultando o acesso dos turistas aos diversos pontos de interesse.

Produtos

  • Impacto negativo do urbanismo na paisagem e nos produtos associados à natureza, com impacto negativo na percepção do destino pelo turista, principalmente no segmento de repetentes.
  • Lacunas na estruturação e integração da oferta de produtos na RAM, reduzindo o potencial de comercialização das diferentes actividades turísticas e limitando o aumento do gasto turístico.
  • Lacunas e/ou inexistência de infra-estruturas de suporte para alguns dos produtos, nomeadamente em termos da identificação/sinalética, informação, manutenção e capacidade.
  • Falta de estruturação e divulgação de eventos e actividades de animação que decorrem em toda a Região, havendo dificuldade em informar e aconselhar o turista sobre os mesmos.

Promoção

  • Reduzido peso do investimento em promoção, comercialização e eventos (≈1% do Orçamento Regional), face à contribuição do Sector para a economia da RAM. (continuem a dar 50% do ORAM para obras e cimento que descaracteriza a região. Continuem a apoiar amigos com isenção de impostos, criando guetos de sobrevivência. Acabem com o constante destaque sempre aos mesmos grupos hoteleiros).
  • Execução nos últimos anos de apenas 20 a 25% dos montantes orçamentados para promoção.
  • Fragmentação do modelo de promoção, com a DRT e a APM a endereçarem mercados distintos, dificultando uma visão e abordagem mais integrada do destino Reduzida colaboração e articulação na promoção e montagem das operações, entre os players da região e entre a Região e Turismo de Portugal (a pandemia mostrou que só existe um país no turismo!).

Distribuição

  • Elevado peso dos operadores turísticos no total das viagens para a RAM (≈70%), apesar do surgimento de novas formas de reserva online, através de brokers e de outros intermediários.
  • Comercialização actualmente muito vocacionada para produtos tradicionais e pouco enfocada na venda de um conjunto alargado de experiências aos turistas.
  • Distanciamento dos operadores das características e factores distintivos do destino, por via do desconhecimento da oferta, rotatividade dos profissionais e do alinhamento por outros concorrentes.
  • Lacunas na articulação de alguns programas com operadores turísticos e discrepância nos apoios concedidos. O que cria mal estar entre parceiros.

Cada vez há mais tachismo e menos incorporação de know-how, por isso se compra tudo feito ... para deitar fora.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 10 de Maio de 2021
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