O Clero e a Nobreza

 

T al como nos foi ensinado nas aulas de História, outrora existia uma relação de amor entre o Clero e a Nobreza. Até o fim da monarquia, estes os pilares andaram de mãos dadas, apoiando-se mutuamente nos seus múltiplos interesses. Com a queda da monarquia, há uma junção natural ao novo poder em vigor - a democracia e os seus respetivos representantes.

Contudo, o clero e a monarquia têm vindo a distanciar-se com o passar do tempo devido à progressiva evolução de mentalidades. As suas distintas formas de pensar resultaram numa discrepância em termos de prioridades, o que efetivamente levou à quebra do apoio mútuo que existia antigamente. 

Atualmente, ambos coexistem em paz e harmonia, sem acordos nem favores. Concluída a introdução, passo a expor acontecimentos caricatos os quais presenciei durante uma cerimónia católica na minha freguesia. Esta não será revelada, pois não pretendo ferir suscetibilidades, nem muito menos “queimar” o padre em questão.

Todos os Domingos, eu, juntamente com a minha família, temos a igreja da nossa freguesia como paragem obrigatória para a nossa oração semanal.  É de salientar que me considero uma pessoa de mente aberta e progressista, nunca esquecendo a minha religião. Contudo, estou ciente de que a instituição que a igreja representa está longe da perfeição, pois não resistiu à tentação e caiu nas fortes correntes da corrupção e da ganância. Esta ganância revolta-me profundamente visto que o Vaticano - a instituição máxima católica – representa uma das maiores riquezas mundiais, não só em valor monetário, como também a nível de valor patrimonial. 

Infelizmente, este desejo por dinheiro é exibido pela maioria dos representantes da igreja, não sendo exceção o padre da minha célebre freguesia. Há alguns anos atrás, o padre em questão decidiu interromper uma cerimónia batismal para chamar à atenção dos presentes das obras sendo efetuadas na casa paroquial onde residia. Este queixou-se da pouca/falta de ajuda monetária recebida, chegando ao ponto de afixar na porta de igreja uma extensa lista que discriminava todos os gastos resultantes da obra e, ainda, o valor de cada uma das peças de mobília adquiridas. O padre tem uma casa que lhe sai praticamente a custo zero. Não paga as contas da casa paroquial e, ainda, tem direito a emprega doméstica, contudo acha-se no direito de ralhar com os paroquianos, muitos destes com poucas possibilidades monetárias. Isto é deveras vergonhoso! 

Mas a história repete-se. Na passada semana, o padre em questão voltou a manifestar-se relativamente às obras sendo realizadas na igreja, diga-se de passagem que (a igreja) está muito bonita e refrescante, afirmando ele num tom de desprezo durante a missa o desprezo que advém da falta de apoio tanto da Junta de Freguesia como da Câmara Municipal. Afirmou, ainda, que não publicita as obras efetuadas pelas redes sociais ao contrário do Governo e da Câmara.

A última gota acaba de cair. Um padre que representa das maiores potências mundiais monetárias acha-se no direito de repreender instituições públicas por falta de apoio financeiro? Se estivéssemos a falar de um estado de conservação caótico com a capacidade de comprometer a segurança dos munícipes, tal apoio era justificável, mas esse não é de todo o caso. 

Senhor padre, deixe-me recordá-lo de que o tempo em que o Clero e a Nobreza andavam de mãos dadas faz parte do passado e que nem o zé povinho, nem as autarquias, são responsáveis pelos seus caprichos. Dirija-se à Diocese e, em caso de emergência, ao Vaticano, para que eles acatem as suas despesas. Durante a Semana Santa, concentre-se em Cristo e no bem-estar geral das pessoas, e não na sua ganância e em ataques pessoais a instituições que nada têm a ver.

Uma abençoada Páscoa para todos.

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Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 31 de Março de 2021 21:38
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