Unidos Por Uma Estrada

 

J osé António Garcês foi um dos alienados do PSD-Madeira de João Jardim que, em 2013, encabeçou o Movimento Unidos Por São Vicente e ganhou a Câmara apoiado pelo Partido Socialista com 64,69% dos votos, reduzindo o PSD à maior derrota de sempre com 30,88% da preferência dos eleitores. 

Em 2017, e depois de trair o acordo com o PS, Garcês virou-se para PSD e com o apoio do CDS conseguiu 79,20% dos votos contra 13,27% do maior partido da oposição, que naquela altura foi o PS. Em termos de freguesias conseguiu 82,47% em Boaventura, 80,36% em Ponta Delgada e 77,54% em São Vicente, a maior freguesia do Concelho.

Em democracia quem ganha as eleições é quem governa e António Garcês teve uma maioria esmagadora para gerir o Município de São Vicente, sem desculpas de boicote por parte de oposição, como acontece noutras Autarquias da Madeira.

Mesmo com todas as condições para liderar a Câmara, oito anos depois, São Vicente contínua igual a si própria. Com a pandemia e sem os três dias de Festas, São Vicente veio expor um conjunto de fragilidades estruturais que nunca foram resolvidas nos 40 do PSD e nos 8 de António Garcês. O Comércio, os Serviços e as poucas microempresas que São Vicente ainda tem, estão em risco de falência e o Presidente assobia para o lado.

Quer queiramos, quer não, São Vicente é hoje apenas um ponto de passagem do Sul para o Norte e nem sequer apareceria no mapa político não fosse a polémica da afamada Estrada das Ginjas. 

Depois do anúncio da Exma. Secretária de Ambiente, Recursos Naturais e das Alterações Climáticas de que a estrada de mais de 9 milhões de euros teria apenas 2,5mt e que seria integralmente executada em empedrado, António Garcês respirou de alívio. Afinal parece que todos os problemas de São Vicente resumem-se a fazer ou não uma estrada que liga a freguesia de São Vicente ao maior planalto da Madeira. E o povo da Boaventura? E aquela outra ideia da estrada entre a Boaventura e a Eira do Serrado? 

E a questão que qualquer residente em São Vicente poderá colocar imediatamente é se os 9 milhões previstos para a estrada, em vez de enriquecer alguém que não é do Concelho, se fosse utilizado para manter a economia e os empregos em São Vicente, não seria muito mais justo? Com tanto ruído à volta da estrada até à data não se conhece nenhum estudo económico ou sequer social, além das prosas qualitativas do tal Estudo de Impacte Ambiental, que justifique o investimento do Governo Regional.

Com tudo isto, julgamos justo perguntar às pessoas de São Vicente se, no contexto da auto-denominada Capital do Norte e da Laurissilva, não passam de uma miragem para inglês ver, enquanto o povo para comer tem de plantar semilhas?

António Garcês inventou a desculpa da estrada para justificar o que nunca fez no Concelho e por isso deve uma desculpa ao povo de São Vicente.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 16 de Março de 2021 11:27
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