E m 1999 a ilha foi distinguida com o Galardão de Património Mundial Natural da Unesco com 15.000 hectares. Como chegaram a este número? Se chegaram a um cálculo em 99 podem também chegar em 2021, visto esta Floresta ser vital para a nossa subsistência.
22 anos depois e com os incêndios ocorridos na ilha (alguns de grandes dimensões), Chão da Lagoa, Pico Areeiro até ao Ruivo, Encumeada, no Lombo do Mouro, no Fanal, nos Estanquinhos, nas Achadas da Cruz que subiu em direção ao Paul da Serra, Calheta que chegou ao Rabaçal (nalgumas zonas passou a estrada), Terra Chã, Boca do Risco. Existem algumas plantas que sobreviveram, mas o rápido crescimento das infestantes “abafa” os endemismos e, futuramente (esperemos que não), os 40 hectares segundo o EIA no caminho das Ginjas. Hoje o número de hectares desta Floresta não pode ser igual a 1999.
Ora, somando isto tudo ao desastroso projeto de plantações (é que não há um exemplo de sucesso), sou obrigado a citar um senhor “criador da verdadeira revolução verde, Ernst Gotsch”, quando a coisa não resulta para-se e repensa-se. Parece não haver um plano/investigação antes de plantar (quais as árvores de primeiro plantio e de crescimento mais rápido de acordo com o sítio, altitude e exposição solar, ventos/chuva) e as de segundo plantio. Exemplos: plantar Uveira da Serra como primeiro plantio é errado visto que esta não tolera muitas horas de sol direto e a probabilidade de secar é elevada, não existe um plano de rega a curto e médio prazo (este pode ser feito pelos bombeiros ou pela polícia florestal que recebeu viaturas todo o terreno de combate a fogos ou até um sistema de rega provisório), não se faz cobertura de solo para manter a humidade, criar biomassa e a lista continua ... O que apenas parece haver é arranjar as plantas/árvores, plantar, tirar a foto e ir “embora”.
Hoje em dia, com toda a disponibilidade de instrumentos, não se consegue chegar a um valor aproximado? Imagens satélite, GPS e o observatório da Paisagem da Madeira? Não basta os técnicos irem até ao “coração” da Laurissilva e dizer que a floresta está pristina. É consensual que a Floresta Laurissilva é de importância vital para ilha, então faça-se este estudo (com uma comissão independente)
Temo que será apenas uma questão de tempo até perdermos este Galardão, mas o mais grave será o escassear de água, o “primeiro” combate a incêndios e o minimizar de estragos provenientes de aluviões.
