Os Ratos são os primeiros a abandonar o navio.


O s jornalistas idóneos do Correio da Madeira estavam a palitar os dentes quando o telefone tocou. Era a Sissi a se queixar que o dono tinha-lhe tirado a coleira para se ir habituando à pulseira eletrónica. 

Sem mais demora, os jornalistas idóneos saltaram para a trotineta elétrica e foram à procura de Pedro Ramos para conhecer a opinião dele sobre a investigação do Ministério Público. Pedro Ramos, cada vez mais fofinho mas sempre muito simpático, recebeu os jornalistas mas não conseguiu responder a nenhuma pergunta porque entretanto adormeceu na cadeira.

Os jornalistas idóneos como não podiam chegar ao CM sem nenhum escândalo, dirigiram-se à Secretaria do Ambiente na esperança de ter uma reação à investigação do Ministério Público sobre a SDM e Miguel Albuquerque. A senhora Secretária Regional, que apesar da idade continua boa como o milho, acedeu em receber os jornalistas desde que usassem Photoshop na foto dela. Depois de ouvir atentamente as duas perguntas pediu duas horas para escrever e três para ler as respostas.

Entretanto, como tempo passava, os jornalistas dirigiram-se à Secretaria do Eduardo Jesus que perante a pergunta se achava que Miguel Albuquerque era culpado, respondeu que a Madeira iria receber quatro Charters por semana da Albânia e dois do Urziquistão que, para quem não sabe, é um País do jogo de computadores chamado Call of Duty.

Com sorte, e sempre de tronineta com a mesma carga, apanharam Pedro Fino nas obras das Ribeiras a fazer halterofilismo com dois blocos de 20, gaguejou que só podia responder depois de canalizar as dez ribeiras de Ponta Delgada.

Como as obras só vão estar prontas em dezembro de 2021, os jornalistas passaram na Secretaria Economia onde Rui Barreto informou que só dava a sua opinião depois de ler o Estudo de Impacte Ambiental. 

Sem perder mais tempo, os jornalistas montaram outra vez a trotineta elétrica e dirigiram-se à Secretaria Regional de Inclusão Social e Cidadania onde Augusta Aguiar recusou-se a receber os jornalistas porque estava muito ocupada a rasgar documentos de dívidas sem qualquer importância.

Já em desespero, os jornalistas saltaram outra vez para a trotineta e em dois minutos chegaram à Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. Depois de esperar duas horas, o Sr. Secretário predispôs-se a comentar a investigação mas viu-se impedido porque as Atas onde isso estava escrito tinham desaparecido. Vendo o caminho da coisa, foram os próprios jornalistas idóneos que foram embora porque era meio caminho para serem perseguidos.

A bateria da trotineta começa a dar indícios de descarga mas, como a Vice-presidência ficava ali perto, foram à procura de Pedro Calado. Quando lá chegaram um anão informou os jornalistas que o Vice-Presidente não podia recebê-los porque estava reunido com os elementos do novo XIV Governo Regional.

Os jornalistas acusando já mais descarga do que a trotineta, dirigiram-se para a Secretaria do Mar que, depois da aquacultura ir para Marrocos, já não conta para nada, nem para reacções, não via  nenhumas suspeitas de corrupção do Presidente do Governo mas, que poderia vender remédios da aquacultura sem receita. Que calvário, já sem bateria na trotineta, os jornalistas dirigiram-se à sede do PSD-Madeira mas foram recebidos à pedrada, tanta que se suspeita que na cave deve ter uma pedreira da AFA e ninguém sabe.

Como ficava perto, e seguindo o cheiro do Petit Salazar que tinha passado lá na semana passada, desceram a Rua de São Pedro, tchan, tchan, foram ao Quebra-costas tentar que João Jardim tecesse algum comentário sobre a investigação do DCIAP. João Jardim, depois de chamar bastardos aos jornalistas, mostrou-se surpreendido porque não sabia de nada e acrescentou que não foi ele que fez a denúncia porque até nem tinha saído no Renovadinhos.

Desiludidos e sem nenhuma reação de ninguém do PSD, os jornalistas regressaram ao Correio da Madeira. A vida do CM está agora complicada porque depois do chefe de Redação ter decidido cortar a palavra aos insurgentes do CHEGA e agora com o Presidente do Governo a alegar o Segredo de Justiça para tudo o que diz, a política na Madeira deixou de ter piada, e como o Correio da Madeira ficou sem escândalos para divulgar aos seus leitores, o Chefe de Redação decidiu suspender a atividade do Correio da Madeira e entrar em layoff por tempo indeterminado, na esperança de receber algum dos 190 milhões.