Cabras das Desertas: a verdade muda conforme o conhecimento


C aro Correio da Madeira, bom dia, deixem-me explicar a vocês a intenção da publicação e depois a quem me ler o que pretendo. A dialéctica do tempo, ou seja, o passar do tempo, pode tornar mentira o que já foi verdade. A verdade ou mentira encontra o discernimento para apontá-las no conhecimento, portanto, se quem tem a informação a privilegiada nos esconder elementos importantes de avaliação, pode instituir uma verdade perante a ignorância promovida em todos. Isto é muito mais vulgar do que todos pensam.

Quantas mais pessoas instruídas e formadas tivermos mais a perna da mentira fica curta, a par disso, importa ver no passado espelhos do que podemos ter hoje. Estou a dizer que também hoje podemos ter uma opinião formada em fundamentos errados pela única informação disponibilizada. Neste caso, estou a falar da opinião pública de espírito aberto e sem interesses. Aos outros que lucram, progridem e manipulam, a convivência com a mentira é seu jogo de cartas só com trunfos.

É preciso quebrar as mentiras e fazer o povo perceber que está a ser enganado no presente, tal como foi no passado e que o levou a repetir a presença de gente da mentira no poder. Estamos numa crise grave mas parece que existe duas Madeira, uma de insucesso que se guia pela verdade e outra de sucesso assente na mentira. Isto não pode continuar assim, temos que inverter.

Neste momento, parecemos uma ditadura porque a informação local que consumimos está controlada, é por isso que temos o inimigo externo, fonte de outras informações que o pequeno poder da terra não controla. Tal como numa ditadura, a informação que chega de fora não é mentira mas sim verdade, o nosso ambiente é que está inquinado e manipulado pela condescendência dos que aceitam por necessidades vitais a narrativa do poder. Somos, nem mais nem menos, do que uma Venezuela de Maduro que nós aqui achamos ridícula, pela quantidade de ideias loucas que produz. Nós estamos na pele dos venezuelanos naquele país e as indicações de organismos contra o tipo de governação na nossa região fazem o mesmo papel de outros contra a Venezuela.

No caso da Estrada das Ginjas, penso que já é claro que o GR perdeu na argumentação e que só ganhará pela força bruta do poder, para não perder a cara e a razão mas, enfrentaremos posições de força desde fora se o tentarem. Temos um valor mundial, diz respeito a todos, a Laurissilva. Não haverá inimigo externo mas sim interno. É chegada a altura, por ser domingo, de pedir encarecidamente que vejam um video que vos envio de 33 minutos sobre as cabras das Desertas, produzido em 2002. Percebam como em 2021 até arrepia, acontecerá o mesmo com as Ginjas quando a dialéctica do tempo nos levar a anos de afastamento deste caso de intoxicação da opinião pública, manipulando meios de comunicação social.

O que se segue é o Programa "Operação cabra" da série Planeta Azul, de 2002, da RTP, apresentado pela jornalista Sílvia Alves sobre a Deserta Grande, elucidando um conflito envolvendo homens, cabras e plantas, que perdura há anos: o Projecto de Recuperação do Habitat da Deserta Grande, da responsabilidade do Parque Natural da Madeira. Pressupõe o extermínio dos roedores naquela ilha para proteger espécies vegetais endémicas. Implicou o abate de cabras pelos "Vigilantes da Natureza". O problema é quando as cabras endémicas têm o mesmo valor das plantas e o homem em vez de usar a inteligência e salvar as duas opta por quem deve viver.


Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 21 de Março de 2021 11:32
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