Biotecnologia Molecular Reconstrutiva


O s jornalistas idóneos do Correio da Madeira estavam babados olhando para a bundinha da Diana Chaves na “Casa Feliz” da SIC e rogando pragas à sorte do Cesar Peixoto, quando o telefone tocou. Só podia ser o engonha do Assessor da Presidência do Governo! Segundo o assessor, o Sr. Presidente do Governo Regional ia inaugurar às 11H00 uma empresa de Bioengenharia de ponta na Zona Industrial do Caniçal. Como o Sr. Presidente não inaugura nada decente desde que lidera o XIII Governo, os jornalistas largaram o charro de cannabis e saltaram todos para a trotineta elétrica e lá foram para a Zona Franca para a empresa “Export Biotec”, do famoso empresário Chapo da Silva, um imigrante venezuelano radicado há um ano na Madeira mas, curiosamente ainda a receber subsídio de Reinserção Social.

Para não fazerem o papel de burros, enquanto seguiam pela estrada do aeroporto, foram ao Google e descobriram que a “Export Biotec Unipessoal,Lda.” era uma empresa de engenharia biotecnológica nuclear registada na Zona Franca da Madeira que dava emprego a mais de 6000 funcionários indianos.

Às 10H45 e depois de devidamente revistados pela GNR, entraram no perímetro da Zona Franca e chegaram ao local onde a Banda de Música do Caniçal tocava “Alleluia” de  Leonard Cohen. O Sr. Presidente, visivelmente satisfeito pela presença do Correio da Madeira, veio cumprimentar os jornalistas e convidou-os a seguir a trupe dos convivas.

Cortou a fitinha da praxe e destapou a placa alusiva à inauguração que dizia “Inaugurado por Sua Exa. o Presidente do Governo Regional, Dr. Alberto João Jardim, a 12 de Maio de 2002”, os presentes aplaudiram efusivamente e depois entraram no armazém da BIOTEC. 

Era realmente fantástico ver um armazém com mais de 50 mil metros quadrados cheio de caixas organizadas por lotes. Depois do beberete e dos acepipes, o Sr. Presidente do Governo tomou a palavra e aludiu ao esforço do Povo Superior da Madeira, afirmando que os americanos colocaram uma sonda em Marte, mas que graças ao grande investimento do empresário venezuelano, os madeirenses descobriram a desintegração reconstrutiva biomolecular.

O Presidente disse ainda que era um dia memorável para a Região e adiantou que era mais uma promessa cumprida do seu Governo porque agora, era possível exportar toda a agricultura biológica produzida na Madeira num simples contentor de 40 pés, o que baixava o preço dos transportes marítimos como ele tinha prometido em 2014. E continuou a elucidar os presentes que projeto, no valor de 52.8 milhões de euros, foi financiado em 65% pela União Europeia e 48% pela Região e que era um exemplo de empreendedorismo do empresário venezuelano. 

Para dar o exemplo, dirigiu-se a um pacote de bananas rasgou-o e mostrou aos presentes o pó branco resultante da desintegração molecular. Cada vez mais entusiasmado, explicou que agora a Madeira podia exportar toda a sua produção agrícola biológica utilizando um método inovador e adiantou que graças à engenharia de desintegração e reconstrução molecular, os produtos agrícolas produzidos na Madeira eram agora desintegrados e transportados em caixas com 1% do volume inicial, que depois, no destino, eram reconstruídos na sua forma inicial recorrendo à memória molecular do ADN. 

Após dos fervorosos aplausos de todos e dos elementos do governo presentes, o empresário visivelmente emocionado começou por afirmar que era um visionário e que iria continuar a investir na Madeira. Depois de enxugar as lágrimas, acrescentou que a curto prazo seria possível a desintegração de animais e de seres Humanos em formato digital, sendo possível viajar pelo cabo de fibra ótica da EMACOM e ser posteriormente reintegrados em Lisboa em 1.4 segundos, ou em 10.8 segundos no DUBAI ou mesmo em Marte, 3 minutos depois. Para terminar, agradeceu antecipadamente o apoio do Governo Regional para o novo projeto, através dos fundos existentes para a digitalização do Plano de Resiliência e Recuperação.

Miguel Albuquerque, depois de prometer o empenho do seu Governo, acrescentou que graças a esta tecnologia, o primeiro Homem em Marte seria o voluntário Pedro Calado e que seria uma honra para a Madeira que o primeiro madeirense a ser desintegrado fosse Alberto João Jardim.

Quando foi a vez das perguntas, os jornalistas do CM perguntaram onde estavam os 6000 trabalhadores indianos da empresa, ao que o Sr. Presidente do Governo visivelmente irritado respondeu com voz grossa que estavam todos desintegrados em teletrabalho.