O braço armado do PSD-Madeira

 

J á vivi o que tinha de viver, e com 62 anos e três filhos todos emigrados e bem de vida, não me resta mais nada do que esperar pelo dia em que Deus decidir levar-me deste mundo.

Nos tempos do PREC pertenci à FLAMA e estive presente no célebre discurso de João Jardim no Porto da Cruz. Era jovem e na altura o comunismo era pintado como o inimigo do povo madeirense sendo o motivo de todo o ódio. Tal como a Juventude Hitleriana fui um dos muitos idiotas que faziam a saudação nazi no pátio do Liceu Jaime Moniz e na altura acreditava mesmo que a Madeira um dia seria livre. 

Quarenta e cinco anos depois, a história repete-se, e surge sempre alguém para reavivar os nossos ódios. Estamos todos convencidos que André Ventura diz a verdade, mas cada dia que passa verificamos que André Ventura é um poço de contradições e o seu discurso político muda conforme a plateia que o está a ouvir.

Em resultado dos seus discursos anacrónicos, há cada vez mais miúdos imberbes a debitar ódios nas redes sociais ameaçando tudo e todos. A agressividade faz parte da estratégia do CHEGA e incutir o medo nas mentes mais frágeis é um modo coercivo de impor a vontade das minorias, e é aqui que os extremos se tocam, sejam eles de esquerda ou de direita.

Um dia destes vi alguém do CHEGA na Madeira criticar, para não dizer enxovalhar, o facto da Câmara de Santa Cruz ter expulsado alguns Ciganos da Feira do Santo da Serra por falta de pagamento dos espaços ocupados, esquecendo-se que uns anos antes o próprio líder André Ventura ter sido compulsivamente afastado do PSD precisamente por ter dito que “os ciganos vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado” e “que estão acima das regras do Estado de direito”.  

Enquanto o PSD e o CDS do Continente Português já definiram a sua posição estratégica relativamente à ideologia do CHEGA, na Madeira Miguel Albuquerque insinua-se ao CHEGA pelos votos. Nada mais errado! Muitos não perceberam, ou fazem por não perceber, que os muitos votos nas eleições presidenciais do CHEGA foram acima de tudo um voto de protesto precisamente contra os políticos que nos governam, ou seja, contra o PSD-Madeira. Além dos descontentes, muitos conhecidos meus votaram em André Ventura pelas grandes verdades e curiosamente nenhum deles lembrava-se de nenhuma grande mentira de André Ventura. 

Do mesmo modo que em 1975 a FLAMA foi o braço armado do PSD-Madeira, o CHEGA é em 2021 o braço armado do PSD-Madeira e só faltam as bombas para a história se repetir.

Tenham um bom domingo.

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 7 de Fevereiro de 2021 09:38
Todos os elementos enviados pelo autor. Imagem CM.