A ndré Ventura é dono de uma dialética implacável e não se coíbe de afirmar para quem o ouve que tal como Jesus Cristo, “sinto que Deus me concedeu esta missão” e acrescentou que “Deus nunca mais saiu da minha vida. Ainda hoje está presente e rezo todos os dias quando me deito”.
A alegada fé em Deus vem da sua passagem pelo seminário onde estudava para padre com o seu amigo intimo, um negro chamado Luc Mombito (na foto) afilhado de Mobutu, um dos maiores ditadores de África, agora militante ativo do CHEGA.
Defensor da honestidade na política, quando foi questionado sobre as suas fontes de rendimentos na Finpartner e na CMTV, Ventura garantiu que se fosse eleito deputado iria optar pela exclusividade “Sim, eu vou estar em exclusividade, porque tenho de dar o exemplo, não pode ser só falar”, mas depois de eleito afirmou que nunca tinha dito tal coisa.
A nível político André Ventura não é de confiar, num encontro do CHEGA no Porto foi divulgado um video promocional que gerou desconforto, quando um dos seus apoiantes fez a saudação Nazi durante o Hino Nacional. Visivelmente desconfortável com o acontecimento, André Ventura afirmou na altura que “Se as autoridades competentes solicitarem ao CHEGA a identificação do indivíduo, obviamente que serão dados todos os elementos disponíveis", o que nunca sucedeu.
Se André Ventura nega a existência de elementos da extrema-direita, a realidade é outra. Dentro do CHEGA existem elementos como Luís Filipe Graça que foi dirigente e fundador da organização neonazi NOS - Nova Ordem Social. A piada é que Filipe Graça sempre negou o facto com todas as suas forças, mas foi apanhado num video aquando dum protesto dos skinhead em 2011 liderado na altura pelo condenado Mário Machado.
Depois disto, André Ventura prometeu uma investigação aos militantes suspeitos do CHEGA com ligações a “movimentos violentos e racistas”, o que nunca aconteceu, pois são inúmeros os elementos ligados à extrema-direita violenta que continuam no partido.
O líder do CHEGA é conhecido por defender o mais correto e na campanha eleitoral afirmou que não será presidente dos “que vivem à custa do sistema, de subsídios, que vivem à custa de o corromper, ou que vivem à custa de esquemas para os que trabalham os estejam sempre a sustentar”.
André Ventura é contra os esquemas e subsídios, porem não recusou o financiamento da sua Tese de Doutoramento pela FCCN - Fundação para a Computação Científica Nacional, em que defendia a redução da pressão policial sobre as minorias, o que é a antítese do que atualmente defende.
André Ventura não se inibe de defender o indefensável e frases populistas como "O casamento é uma coisa entre homem e mulher” e “somos demasiado tolerantes com as minorias”. No CHEGA defende a castração química de pedófilos, o fim do casamento Gay, a prisão perpétua de violadores e a proibição constitucional da eutanásia afirmando que "Há pessoas que decidem morrer por motivos que considero, com todo o respeito, fúteis". Será que para Ventura um cancro terminal é fútil?
A nível político André Ventura é do mais rasca que existe. No frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa, levou uma cópia de uma selfie de Marcelo com um idoso de Pedrogão que perdeu a sua casa e morreu. Não satisfeito, mostrou outra foto do Presidente com negros no Bairro da Jamaica. Se Miguel Albuquerque fosse candidato, era expectável que André Ventura levasse um saco de farinha e questionasse o candidato se era remédio para os rins?
Mas se a ideologia política de André Ventura possa ser dúbia, parece ser com as mulheres que o André tem os maiores complexos. Nas últimas eleições apelidou Marisa Matias de ser a "candidata marijuana", fez referência aos “Lábios vermelhos" da candidata, e até insinuou que esta seria uma “boneca insuflável”.
E o seu trauma sobre as mulheres não parou aqui, a Ana Gomes apelidou de "candidata cigana" e de “histérica” e que “se por acaso ficasse à minha frente demitia-me de líder do CHEGA”. Demitiu-se mas vai-se recandidatar! Com tudo controlado, pois já havia despachado os principais opositores no partido.
Não satisfeito com o ataque político, André Ventura, tal como Donald Trump, usou o Twitter para atacar outra mulher. "A Joana Amaral Dias gostava de ter um tête-à-tête comigo no Parlamento. Para isso tinha de pintar menos os lábios (…)”
E não parou por aqui, e referindo-se à cantora Carolina Deslandes afirmou que “ser feminista não é ser puta. Ser feminista não é ser ordinária ou apelar à vulgaridade”.
Outra conhecida mulher na lista de André Ventura foi Joacine Katar Moreira do Partido Livre e até propôs no parlamento “que a própria deputada Joacine seja devolvida ao seu país de origem (…)” e finalizou que “na Guiné é que estava bem”.
Se André Ventura nutre um ódio inexplicável pelas mulheres, os seus apoiantes não o fazem por menos. A modelo Sara Sampaio foi duramente criticada e até ameaçada nas redes sociais, pelos seus fanáticos seguidores, por ter ousado criticar o CHEGA.
A reação das mulheres não se fez esperar e, muito recentemente a madeirense Joana Silva vereadora do PSD no Funchal afirmou que André Ventura é “o candidato da tasca. É aquele indivíduo que se senta ao fundo do bar, sozinho e que vai mandando umas larachas desprovidas de sentido”.
A conclusão que se chega é que André Ventura pode não ser racista nem xenófobo mas sofre de ginofobia, o que explica o seu ódio pelas mulheres.
Na Madeira, os militantes moderados que ousavam pensar pela sua cabeça, depressa se aperceberam da fraude Ventura e abandonaram o partido restando apenas uns energúmenos acéfalos. Por exemplo, até à data, não se conhece qualquer opinião do CHEGA sobre a minoria de imigrantes venezuelanos que vivem de subsídios do Governo Regional.
Num silêncio ensurdecedor, continua o representante do CHEGA na Madeira e o Presidente do PSD-Madeira ambos cúmplices dos disparates de André Ventura, na esperança de obter os votos dos fanáticos do CHEGA para uma eventual maioria.
A conclusão que se CHEGA, com tudo isto, é que o André não gosta de lábios vermelhos porque duvida da sua própria sexualidade.
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