Episódio 4: A Elite das Florestas e sua Selvagem Batonete apresentam ...


A IUCN, Internacional Union for Conservation of Nature, para quem não sabe, e o governo não o diz, é a organização internacional que faz as auditorias ao estado de conservação da floresta património mundial da Madeira. Esta considera que projetos de exploração, como é o caso deste projeto de infraestrutura e atividades associadas - asfaltamento do Caminho das Ginjas - é incompatível a longo prazo com os objetivos de preservação das áreas classificadas de Património Mundial Natural Tal representa, segundo a IUCN, um perigo direto para a sua conservação.

Afirma, nas suas linhas orientadoras para a conservação das áreas património mundial que este tipo de intervenções “…não devem de todo ser permitidas…” 

Mesmo que proporcionem atividades economicamente viáveis ou criação de postos de trabalho mesmo o fomento de relações comerciais ou qualquer outra fonte de riqueza económica, estas não podem ser permitidas quando colocam um Valor Universal Excecional em risco. 

Este é sempre o bem maior e nenhuma outra riqueza pode sobrepor-se a esta. 

Estão em causa neste projeto de asfaltagem três áreas de valores naturais específicos que merecem proteção absoluta:

  • Zona Especial de Conservação da Laurissilva da Madeira (ZEC PTMAD0001);
  • Zona Especial de Conservação do Maciço Montanhoso Central (ZEC PTMAD0002);
  • Zona de Proteção Especial para as Aves da Laurissilva da Madeira (ZPE PTMAD0001)

Existem quatro vias de ligação do Concelho de São Vicente com os seus concelhos limítrofes, duas delas vias-rápidas. 

Este estudo apresenta como justificação a “necessidade absoluta e imperiosa” de mais um acesso, de mais uma via de comunicação inter-concelhos, desvalorizando liminarmente os impactos e influências ambientais das Ginjas. 

O estudo transforma-se em argumento para o asfaltamento e não cumpre a sua função analítica. Para além dessas considerações, não existem argumentos justificativos para a asfaltagem e muito menos para o melhoramento das funcionalidades das vias de comunicação existentes. 

Imaginemos a eventualidade de um transporte urgente, de socorro ou outro, entre a povoação das Ginjas e o Funchal, Ribeira Brava ou outro local, pelo percurso “asfaltado” do “caminho das Ginjas. 

Que ganho, que vantagem, que rendimento? Que raio de benefício teria?


No estudo, noutros dados e fontes, entretanto consultadas, não foram referenciados quaisquer incêndios florestais nas áreas próximas do Caminho das Ginjas. Inclusive, os próprios dados do estudo EIA da empresa GILILILIAMB em discussão não apresentam nem uma única ocorrência.

A única referência conhecida é a de um fogo florestal numa área de Floresta Laurissilva, em 2012, na zona da Terra Chã, zona bem distante do Concelho de São Vicente e do Caminho das Ginjas. Que se considerem, desde já, que as características deste fogo florestal numa área Laurissilva, é particular e excecional, impossível de acontecer nesta zona de floresta Laurissilva. As orografias e enquadramentos das duas localidades não são minimamente comparáveis.

A justificação do combate a incêndios é assim insignificante e sem qualquer valor ou verdade factual. 
A floresta Laurissilva, pelas suas características intrínsecas, nunca poderá ser considerada como zona de grande índice de inflamabilidade. A necessidade de uma rede de combate a incêndios florestais não faz qualquer sentido!

A floresta Laurissilva representa uma cobertura extensa, complexa e muito densa de coberto florestal. Possuí características de floresta húmida subtropical, apresentando o seu material vegetal uma percentagem de inflamabilidade muito reduzida. Quando ocorrem incêndios perto destas manchas de Laurissilva, o material vegetal arde com muita lentidão e a sua propagação é reduzida ou nula. A humidade e a temperatura existente nestas manchas de vegetação densa é tanta, que não existem condições de propagação do fogo. Como é possível verificar no Extrato da Planta de Condicionantes – Incêndios Florestais, do novo PDM de São Vicente, na área do projeto (pág. 223 do relatório do EIA) não existe, historicamente, nenhuma área identificada de Povoamento Florestal percorrida por incêndios.

Logo, a construção de um Sistema de Incêndio adjacente ao projeto, como sendo uma medida de extrema importância, deixa de ter fundamento.

Não passa de uma grande falácia!

 

Leituras rcomendadas:
- Episódio 1: O esquema do meia-vaca!
- Episódio 2: O especialista em Sapateado, Florestas e Ginjas
- Episódio 3: É para se fazer (Ginjas)

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Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 02:05
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A documentação:

Estudo de Impacte Ambiental do Caminho das Ginjas:

Aditamento ao Estudo de Impacte Ambiental do Caminho das Ginjas:

Resumo não técnico (RNT) Caminho das Ginjas: