Coligação “Pelo Funchal”

 

O Chefe de Redação do Correio da Madeira estava a cortar as unhas dos pés com um podão quando o telefone tocou. Era o Assessor de Imprensa do Governo Regional a dar conta de que o Presidente do Governo, Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo iriam dar uma conferência de Imprensa conjunta. 

Sem sequer pensar em levar as máscaras PFF2 N99, os jornalistas idóneos do Correio da Madeira saltaram para a trotineta elétrica e dirigiram-se para a Quinta Vigia. Pelo caminho pararam no Pingo Doce e compraram ração preferida da Sissi que, como se sabe, é a informadora do CM.

Na porta da Quinta Vigia já estavam os jornalistas do Jornal da Madeira, do Diário e da RTP-Madeira numa conversa interessantíssima sobre os saldos da ZARA. Depois de devidamente de revistados e desinfetados, entraram na Quinta.

No salão já estavam Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo ambos sorridentes e numa intimidade que espantou os presentes. O Presidente deu início à Conferência de Imprensa e afirmou, com aquela voz imponente que se lhe reconhece que, dada a situação de calamidade, o PSD-Madeira e o Partido Socialista iriam concorrer em coligação ao Funchal, enquanto Paulo Cafôfo sorria e abanava com a cabeça cantarolando “o meu nome é Rebeca, e o teu qual é?”

E com aquele olhar de ser superior o Presidente do Governo concluiu dizendo que o importante era o bem-estar dos Funchalenses por isso o PSD e o PS iriam juntos pelo Funchal.

Terminada a conferência, a jornalista da RTP-Madeira colocou a primeira questão sobre o porquê do azul anil do fato do Presidente estar a ficar desbotado, o que provocou um risinho em Paulo Cafôfo. 

O jornalista do Jornal da Madeira, depois de muito elogiar a ideia fantástica da coligação do Presidente do PSD-Madeira, questionou Paulo Cafôfo se prefere lavar os dentes com Colgate ou Pepsodente, ao que Paulo Cafôfo respondeu sempre sorridente que utiliza duas colheres de chá de Bicarbonato de Sódio diluído em sumo de laranja.

Visivelmente irritado por ter sido preterido para terceiro lugar, o jornalista do Diário começou por descrever a madrugada da revolução de Abril de 1974, o 11 de Março de 1975 e o 25 de novembro, para duas horas depois questionar Miguel Albuquerque se a Câmara do Funchal iria oferecer vouchers para viagens Funchal/Porto Santo no barco do patrão. O Presidente visivelmente irritado com a pergunta impertinente do jornalista retorquiu, com aquele vozeirão de macho, que com ele nenhum funchalense ficará em terra, doa a quem doer!

Depois foi a vez do jornalista do Funchal Notícias que, em teletrabalho, questionou do porquê o CDS não fazer parte da coligação, ao que Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo responderam a rir que as sondagens indicavam que o CDS só iria ter um voto, o do próprio Rui Barreto.

Por fim, coube a vez aos jornalistas idóneos do CM colocar a questão sobre a razão da coligação “Pelo Funchal” quando o PSD e o PS já tinham indicado Pedro Calado e Miguel Gouveia.

Os dois pararam de rir e visivelmente incomodados pela pergunta, confessaram a medo que Paulo Cafofo soube num jantar com Alberto João Jardim que qualquer um dos candidatos referidos não tinham o perfil certo para vencer o candidato do CHEGA.