Os heróis do Covid bateram em retirada

 

C om zero infectados, zero mortos e "fecha o aeroporto" tínhamos, no passado, conferência de imprensa em directo sem direito a respostas às perguntas dos jornalistas e doses cavalares de propaganda fixada a falar de Lisboa. Aparecer um caso ou uma morte era um sacrilégio depois de tanto diabolizar o rumo dos acontecimentos em Lisboa. O GR surfou a onda por conta do "fecha o aeroporto".

Tempos depois, a economia começou a ceder, começaram a perceber que a pandemia não seria do dia para a noite, que duraria meses e talvez anos, todas as estimativas e arranques das mais diversas áreas foram sendo adiadas. Já não sabiam o que dizer, agarraram-se ao anúncio de apoios, empréstimos. Mudaram o disco para "abre o aeroporto", tudo morria e está morrer na Região. Por muito que se pintem os maiores, não passamos de uns tesos do Atlântico, não vivemos sem eles no turismo e sem eles a mandar dinheiro. Passaram à fase de incutir falsas esperanças com falsos números, expectativas, voos, o menos mal, estatísticas, os melhores dentro da catástrofe, os prémios e galardões mas, o facto é que nas famílias e nas empresas nada confere.

Nestes últimos tempos, acima dos 100 casos por dia, ninguém dá a cara na Saúde apesar de ter uma estrutura de tachismo e de órgãos sobre órgãos, alguns à medida e outros em duplicado. O secretário herói não bufa, Albuquerque vai desaparecendo, Calado acha que está quente e o faro oportunista manda fugir. A comunicação social desencanta os números do Covid ao fim do dia, e cada um dá à sua maneira, sem intervenção de alguém do Governo.

Coisas estranhas sucedem, o Governo reúne num domingo, altera a sua negação, afinal as escolas fecham mas sem testes a todos como disse o Presidente, deita culpas ao povo, morre-se de Covid em casa e pergunta-se como é possível? Ouve-se que a Saúde Pública deixou de dar resposta a outras doenças e já se morre mais das outras, que o hospital tem piso e meio de infectados, que há camas mas não equipamentos e profissionais. Da negação passamos a avisos fortes, o quadrado e a metralhadora parecem já anedota, suspeitamos que as elites infectaram-se mas andam caladas para não se apontar ao Savoy. O secretário da agricultura nem diz como se infectou, o governo passa reunir por video-conferência.

Está tudo controlado mas já ninguém dá a cara, e por isto tudo, nós povo sempre desconfiados ... porque temos uns governantes que são uns artistas e não dão exemplo, começamos a não acreditar nos números, por senso comum mas também por sexto sentido. Algo verdadeiramente estranho se passa.

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2021 20:32
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