O sabor amargo da vitória

 


Nesta coisa das eleições o engraçado é que ganham sempre todos. Mas isso nem sempre é religiosamente verdade. Senão vejamos. 

Ganhou o PSD de Miguel Albuquerque que em maio de 2020 anunciou prematuramente uma eventual candidatura e na altura até afirmou para quem quisesse ouvir que "Esta situação de unanimismo, de circo que está montado, este namoro entre o primeiro-ministro e o Presidente não é bom para Portugal" - e não contente a verborreia continuou - "se Marcelo Rebelo de Sousa é o candidato de António Costa, não tenho dúvidas de que é um imperativo de interesse nacional surgir uma candidatura da área não socialista"

E como uma asneira nunca vem só, uns meses mais tarde e já em setembro de 2020 garantiu que "Cheques em branco eu não passo a ninguém, nem o meu governo passa" e até acrescentou que aguardava o programa da candidatura de Marcelo sobre as Regiões Autónomas para decidir quem apoiar. O melhor mesmo é esperar sentado porque o programa das Autonomias de Marcelo Rebelo de Sousa de ter vindo por correio e ainda não chegou.

Ganhou Rui Barreto, que de forma exuberante e com o seu sorrisinho amarelo, anunciou a vitória estrondosa de Marcelo Rebelo de Sousa. Não fosse ter mostrado uma pequena grande preocupação com o crescimento da extrema-direita, Barreto seria o grande e único vencedor das eleições presidenciais! Deixemo-nos de brincadeiras, na verdade para o CDS Marcelo ganhar é o menor dos males, o problema é que com esta votação em André Ventura, os “extremistas” do CHEGA reduziram definitivamente o CDS à sua insignificância e correm o risco de ser a próxima bengala do PSD-Madeira nas próximas eleições. 

Ganhou André Ventura que, com a demissão anunciada, vai provocar a histeria e o choro nos catraios da extrema-direita depois da concorrência no partido ter sido previamente eliminada. Deve voltar a escrever literatura erótica para crianças.

Ganharam Miguel Iglésias e os seus sequazes que, ao apoiarem a arrogante e incómoda Ana Gomes, provaram que valem pelo menos 6% do PS. De fora da vitória fica Paulo Cafôfo que teve a clarividência de se aperceber precocemente que ao apoiar Marcelo Rebelo de Sousa seria a melhor opção para mostrar quem manda no PS. Ao Paulo Cafôfo resta aperceber-se que necessita de ter uma nova atitude anti sistema para angariar os votos dos descontentes que, como eu, não simpatizam com os protótipos dos políticos que temos. E nisto do PS não podíamos esquecer o grande derrotado António Costa que inteligentemente apoiou o seu candidato preferido e arrumou de vez com Ana Gomes e com o PSD de Rui Rio.

Por fim ganharam todos os outros que, com mais ou menos voto, tiveram e o que pretendiam.

Para concluir, parece que o único que perdeu as eleições foi Marcelo Rebelo de Sousa, que será o Presidente de todos os Portugueses nos próximos cinco anos.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2021 09:43
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