D. Caladone

 

O mafioso do Chefe de Redação do Correio da Madeira anda eufórico e não lhe cabe um feijão no cú! Soube-se pela Google que o número de leitores do Correio da Madeira ultrapassou toda a imprensa vendida do Governo Regional.

Esperançados, os cinco jornalistas idóneos do Correio da Madeira bateram à porta do gabinete do Chefe de Redação na expectativa que a boa noticia lhes desse um aumento de ordenado mas, foram corridos a pontapé com a ameaça de não aparecerem sem uma entrevista a Don Caladone, o famoso magnata madeirense da imprensa regional.

Assustados os jornalistas meteram-se todos em cima da trotineta elétrica e dirigiram-se ao Palácio de Don Caladone. Chegados ao local foram recebidos por dois Rottweiler e uma Chihuahua lésbica que, brandindo os dentes, espumava raiva pela boca.

Depois de tocar à campainha foram recebidos por um mordomo de metro e meio com um ar austero. Enquanto eram encaminhados para o salão, um dos jornalistas mais afoito questionou se o mordomo era família do Cunha Vaz ao que ele negou explicando que pai dele era caucasiano.

Ao fundo da sala escura e fria, sentado numa poltrona de pele de crocodilo, estava D. Caladone com aquele ar pensativo e inteligente que se lhe reconhece. Ao lado estava um assessor de imprensa que, embora já tivesse sido exonerado, seria o interlocutor entre os jornalistas e Don Caladone.

Um dos jornalistas do CM, depois de entregar os 5000€ combinados, deu início à entrevista e perguntou se, como agora Don Caladone era o homem que controlava as nomeações, se o número atual das 500 nomeações iria continuar a crescer nos próximos meses. Durante alguns minutos o assessor e Don Caladone trocaram alguns murmúrios impercetíveis, e finalmente ao fim de 30 minutos o assessor respondeu que sim porque o PSD tinha mais de 5000 militantes insatisfeitos. Questionado se a restante população não podia aspirar também a um cargo de nomeação, o Assessor acrescentou que para esses o Instituto de Emprego está a enviar emails com propostas de trabalho na agricultura madeirense.

E foi a vez do jornalista do CM, suspeito de ser militante do CHEGA no exílio, questionar se a Madeira sempre vai facultar vacinas da COVID-19 para toda a população e qual será a ordem de distribuição. Don Caladone visivelmente satisfeito sussurrou para o assessor uns perdigotos impercetíveis e este, respondeu aos jornalistas presentes que o primeiro a levar a vacina seria o mordomo e que se este escapasse com vida, Don Caladone seria o segundo, seguidos pelos 5000 militantes do PSD e os ranhosos dos “miras” para votarem, em segurança, no PSD nas Autárquicas de 2021, depois a restante população e lá no fim Miguel Albuquerque se ainda estivesse vivo. 

A pergunta seguinte foi feita pelo jornalista do CM que dizem andar a comer uma gaja boa do BE, não é opção política, está visto que o PSD só tem canhões e que o melhorzinho é da tutela de Caladone. A medo, e com a voz trémula, perguntou se era verdade que havia máfia na Madeira a traficar droga, ao que o Assessor, sem perguntar nada a Don Caladone, respondeu a rir que isso seria burrice porque o negócio da Construção Civil sempre deu mais dinheiro que a droga.

Para terminar a entrevista um dos jornalistas perguntou que se Don Caladone se já conhecia as previsões meteorológicas para o fim-de-semana, ao que o assessor respondeu logo que o vento seria de nordeste moderado a forte nas terras altas, o céu pouco nublado com algumas abertas e que iria chover mais 0.0002 mm do que no 20 de fevereiro. 

Visivelmente irritado com a pergunta e louco para terminar a entrevista, Don Caladone levantou a cabeça e com uma voz semblante e rouca falou pela primeira vez diretamente para os jornalistas do CM e disse “Nunca deixem que ninguém de fora da família saiba o que você está pensando”, frase que ficou célebre no cinema e que foi erradamente atribuída a Marlon Brando.