A burla

 

É público que muito boa gente investe em cripto moeda conhecendo os riscos de ganhar ou perder, como se fosse um jogo sem sequer ter a necessidade de publicitar o negócio ou de prejudicar terceiros, muito longe do esquema de negócio que a conhecida Graça Luísa promove.

Uma coisa é correr os riscos de investir em cripto moedas como o Ethereum ou o Bitcoin e outra é constituir um Fundo que não se percebe muito bem onde consegue os retornos prometidos. Os burlões alegam que o Ethereum valorizou 300%, mas, esquecem-se de referir que essa valorização não aconteceu à razão de 3% ao dia mas sim durante muitos e largos anos. 

Por mais que todos tenhamos o direito à presunção de inocência, Graça Luísa é o conhecido rosto de negócios pouco credíveis onde a ambição desmedida das pessoas, em ganhar dinheiro fácil, faz o resto. E o melhor é que afirma que o faz para ajudar as pessoas, se bem que a famosa D. Branca disse o mesmo quando pagava juros acima da Banca.

Graça Luisa é maquiavélica e propositadamente confunde tudo omitindo o que lhe interessa de modo a ludibriar os mais incautos. Se este tipo de negócios fosse legal, muitos empresários que a custo seguram a viabilidade das suas empresas nestes tempos de pandemia difíceis, largavam tudo e não teriam qualquer receio em investir o que lhes resta para ganhar 3% ao dia, com promessas de retorno em 300%, ou seja, receberiam três vezes o valor que investiram num mundo financeiro em que os juros do dinheiro real se situam no zero.

O que Graça Luisa não explica - porque se calhar não lhe interessa - é porque além do rendimento fixo prometido, o Fundo oferece 14% de comissão do que os outros investiram, isto é, a Graça Luísa ganha uma parte de todos os que se colocarem na sua descendência até ao quarto nível, que é, como se sabe, uma característica fundamental num negócio de pirâmide ou PONZI. 

Se alguém se registar e investir, por exemplo, 200€, a Graça Luísa ganha logo 28€. Os mais distraídos podiam afirmar que se calhar é um incentivo às vendas de produtos, mas os mais esclarecidos devem logo perguntar de onde vêm esses 28€? Suspeita-se que vêm do próprio investimento efetuado, isto é, o investidor na realidade já não tem um saldo de 200€ mas sim de 172€, embora no sítio da internet continuem lá escritos os 200€. Na realidade o saldo, depois de pagar todas as comissões, tem menos de 100€ e, assim sendo, como é que o Fundo paga 3% ao dia dos 200€ que já não existem? O mais certo é que o dinheiro seja distribuído do próprio saldo do Fundo, ludibriando os últimos que entram no negócio.

Isso só seria possível se o tal Fundo obtivesse retornos superiores a 1000%, isto é, as transações financeiras da cripto moeda teriam que ser muito mais rentáveis que o tráfego ilegal de estupefacientes. Pelo que se sabe, os tais Fundos da BlockChain são geridos de forma automática por programas informáticos conhecidos por Robots. A ideia não é nova e já existiu em negócios como a LifeinBlock e UNICK - que a madeirense Graça Luisa chegou a promover - e que colapsaram inevitavelmente. No caso da UNICK, a burla atingiu mais de três mil milhões de dólares e terminou com a prisão preventiva dos seus promotores e de alguns dos chamados Líderes que aguardam julgamento na justiça brasileira.

Mesmo que se garanta que o Fundo seja gerido por computador, nada impede que este seja distribuído (disfarçado de juros) esvaziando os saldos dos investidores, isto é, este fundo é inevitavelmente uma burla.

O problema é que a maioria dos que entram inicialmente sabem para o que vão. Sabem que este tipo de negócios pode aguentar quatro meses ou até um ano e que entretanto usurpam o dinheiro dos que entram por último, isto é, no fundo alguns burlões investem o mínimo e aguardam que a rede constituída com a promoção lhes pague as comissões dos investimentos dos que entraram a seguir. Quando rebentar, afirmam para quem quiser ouvir que também perderam dinheiro. 

Em Portugal, a falta de formação e desconhecimento dos que investigam este tipo de burla faz com que estes tipos de negócios proliferem com a ajuda de burlões que, até à data, continuam impunes a viver com o dinheiro dos outros.

Cabe ao Ministério Publico investigar este tipo de negócios e colocar de uma vez por todas um travão definitivo em gente que faz da burla o seu modo de vida.

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Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2020 16:58
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