Os manipuladores do Turismo

 


Bom dia,

n ão sei bem o que sou, se desempregado efectivo ou camuflado, se um layoff, se um indefinido nos números do esquecimento. Trabalho (ou trabalhava) na hotelaria há 19 anos, o que me confere autoridade para emitir um juízo de valor, a Madeira tem vindo sempre a descer no turismo, pode haver um ou outro ano que nos surpreende mas, a queda vai se dando lentamente.

Cada vez custa mais vender quartos, cada vez são mais baratos e isso acaba por se reflectir no serviço que, em busca de preço, vai cortando ... Cada vez mais assiste-se ao cliente a querer pagar o mais barato possível, querem é dormir e passear, não usufruir do hotel porque mudaram as características do nosso turismo. Erro colossal.

Assiste-se à uma autêntica selvajaria das operadoras que, todos os anos querem negociar mais barato. O problema é que olha-se para os preços do destino, preços de venda aos clientes, e não se vê o nosso aperto reflectido nesses preços, o que revela que alguns querem um destino de qualidade a baixo custo e alguém ganha mais dinheiro. A Madeira tem uma hotelaria de qualidade e é distinguida com prémios mas, na hora da verdade não sabe se "defender" e a culpa pode ser de muita coisa.

A primeira atribuo à secretaria do Turismo na autorização da abertura de mais hotéis e de precedentes que nos matam a paisagem e o preço por quarto (o Savoy é claramente um erro monumental). O Alojamento Local também faz mossa, competem entre si  e contra os hotéis mas como são de proprietários que querem retirar dali o seu rendimento, é uma miscelânea de condições e preços difíceis de se encontrar padrão mas, normalmente, têm preço.

Ultimamente, tenho assistido a uma autêntica batalha de informação, eu, estando na hotelaria, apercebo-me das jogadas e confesso que de forma incrível, o Correio da Madeira é onde sai o fio de prumo. É por isso que escrevo hoje, porque a mim enoja-me mais jogo da Secretaria. Hoje o Diário fala de 60% dos hotéis a funcionar mas, se trocassem esta perspectiva para número de quartos à venda tudo se transformava. No entanto, no DN parece que há jornalistas, com J grande e há manipuladores, parecem vacinas a tentar inocular. Cada vez mais se vê quem escreve para dar ou não crédito à notícia ... afinal eles circulam profissionalmente entre Governo e Jornais.

A Direcção Regional de Turismo e a respectiva Secretaria enojam-me, em vez de tentarem recuperar o sector e aprender com as Canárias, dedicam-se ao "jornalismo" inventivo, explorando semânticas para ficar com a cabeça fora de água. E os jornalistas, apesar de mencionarem escrupulosamente de onde vem a informação, como que já calejados de serem desmentidos, apesar de tudo, fazem o favor. É uma grande vantagem no CM não se ver publicidade que amansa as hostes e podermos ser nós os que passam pelas situações a escrever.

A Dorita dourou a pílula mas "enGRAVIda" o problema, no que de facto falou foi de hotéis pequenos, de economia familiar, aqueles que conseguem custos controlados pela pequenez sem precisar de economia de escala para poderem abrir, os tais que os maus caminhos da massificação estão a matar mas que, neste momento, mostram quão errada esta a política de abertura de hotéis grandes. Você vê aviões das mesmas operadoras a chegar ao nosso aeroporto? Não. Eu não sei como se "preenche" os números dos quartos. Se me faço entender.

Por outro lado, ninguém diz que o Avelino quer vender os seus hotéis e está em negociações, que a Enotel entregou o encalhado Madeira Palácio à banca, que o Pestana tem vindo a fechar mais hotéis em vez de abrir, que em Janeiro acabam muitas moratórias, etc. A Direcção Regional de Turismo e sua secretaria violam, abusam dos momentos para pintar bem o que está realmente péssimo. Há dias eram as novas rotas "já ali mesmo", depois vieram logo a seguir novos confinamentos na Europa e não chegam aviões dos principais destinos. Aproveitaram para se publicitar antes de tudo fechar. Depois com a abertura do Verão IATA, usaram a programação para dizer que estava tudo óptimo, até pareciam lugares vendidos, quando vamos para o principal cartaz turístico e as perspectivas são de miséria. Fala-se de 30%, como grande conquista quando são "criativos", da mesma maneira que se falava de 87% e 93% e para a época já indiciavam o nosso destino a cair porque deveria estar a 100% e em listas de espera ou overbooking. O Turismo, desde a era Cabaço, piorou os seus cálculos suportados em hoteleiros amigos. Não sei porque se "enterram" morrendo lentamente e participando nas criatividades, algo obtiveram ...

Eu, assistindo a isto tudo, mas também a uma quantidade de articulistas escolhidos a dedo para dizerem absolutamente nada nas suas divagações inúteis, a não ser de preenchimento de egos sem autoridade, armados em servis do poder; com as perspectivas de um Janeiro medonho depois do canto do cisne, me confesso não saber sequer o que sou neste momento, apesar de 19 anos na hotelaria. Eles é que sabem tudo, enquanto milhares de anónimos sofrem pela calada.

Quero agradecer a publicação e muito obrigado pelo vosso serviço.

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Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 22 de Novembro de 2020 11:13
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