Um tesouro que estava guardado para nós!

 

Um tesouro, com cerca de 20 milhões, foi guardado para nós: a floresta da Laurissilva. Esta relíquia do Terciário, chegou até aos nossos dias porque evoluiu isoladamente, ao longo de milhões de anos, afastada dos herbívoros e da atividade humana. Outrora, ocupou vastas áreas do Sul da Europa e da bacia do Mediterrâneo, sobrevivendo atualmente apenas nos arquipélagos atlânticos: Açores, Madeira e Canárias.

Na Madeira, uma floresta Laurissilva estende-se por 15.000 hectares e representa 20% do total da ilha. A Laurissilva da Madeira encontra-se protegida por legislação regional, nacional e internacional:

  • Habitat prioritário,
  • Zona de Proteção Especial,
  • Reserva Biogenética do Conselho da Europa,
  • Património Mundial Natural pela Unesco.

A Comunidade Internacional atesta e reconhece uma importância enorme a floresta Laurissilva,tendo por objectivo a preservação de um ecossistema insular extremamente frágil. É um ecossistema de grande diversidade biológica, onde predominam as árvores endémicas que pertencem às Lauráceas, tais como, o Barbusano, o Loureiro, o Til e o Vinhático associados a outras espécies como o Folhado, o Pau-branco e os arbustos endémicos, destacando-se o Massaroco, a Figueira-do-inferno. É possível ainda encontrar os fetos arbóreos, orquídeas da serra, bem como os líquenes.


No seu conjunto, esta floresta, desempenha importantes funções no ecossistema, nomeadamente no equilíbrio hídrico através da eficiência na retenção da água dos nevoeiros e da chuva, pois é através das copas das diferentes espécies vegetais que as pequenas gotas de água são interceptadas, e conduzidas através dos ramos e dos troncos até ao solo. Solo coberto com uma espessa e fofa camada de matéria orgânica permanentemente húmida, que maximiza a infiltração da água.

Assim, a floresta Laurissilva impede, simultaneamente a degradação da qualidade do solo e promove a infiltração da água que vai alimentar os lençóis freáticos. É nesta floresta que nasce a água que corre nas nossas levadas, pelo que a redução da sua área compromete o fornecimento de água à comunidade. Por muitas levadas que se construam se não se mantiver e, dadas como mudanças climáticas, inclusivamente ampliar a área de distribuição da floresta Laurissilva, todos os trabalhos de canalização e armazenamento para o armazenamento de água serão inúteis.

A sua composição faunística é particularmente rica em vertebrados e invertebrados, destacando-se no primeiro grupo duas raras espécies de morcegos e subespécies endémicas de aves (Pombo-trocaz, o Bis-bis, e o Tentilhão). Na Laurissilva existem mais de 500 espécies endémicas de invertebrados (moluscos, aracnídeos e insetos).

Não são os políticos que vão resolver os nossos problemas ambientais, por isso deixem essa tarefa aos investigadores, que devem ter a última palavra, baseada em dados e estudos científicos. Neste momento, é pedido aos investigadores uma crítica ecológica salutar. Nem sequer lhes pedimos a condenação da construção da estrada, mas a defesa da Floresta Laurissilva.

É chocante o silêncio das pessoas que sempre defenderam a Laurissilva! Ainda mais porque tenho a certeza que o faziam convictas da importância do vasto, rico e único Património Natural, e que na altura era apenas património dos madeirenses. Ainda me lembro de acompanhar a Dra. Susana Fontinha numa visita à Laurissilva e do entusiasmo com que falava da sua importância:

https://ensina.rtp.pt/artigo/patrimonio-mundial-portugues-floresta-laurissilva-da-madeira

Espero que continue a dar a conhecer este tesouro e nos ensine a conservá-lo. Há ainda aqueles que defendem uma Floresta Laurissilva por uma questão de oportunismo político. Em tempos, o Dr. Rui Barreto classificava a estrada das Ginjas, em plena Laurissilva, como um atentado ambiental e desafiava a Dra. Susana Prada a pronunciar-se sobre a pavimentação da estrada.  E agora? Em que ficamos ?!

https://www.rtp.pt/madeira/politica/rui-barreto-desafia-susana-prada-a-se-pronunciar-sobre-a-pavimentacao-da -estrada-das-ginjas-_31114

A estrada da Ginjas também faz parte do enxoval que levou para o PSD? Quem vos viu e quem vos vê! 

Colecção examinada sobre a floresta Laurissilva, consubstanciadas na construção da estrada das Ginjas. Esta estrada com uma extensão de 10 km atravessará o coração da Laurissilva, destruindo logo no início da sua construção uma área extensa, aproximadamente 100.000 m2 de coberto vegetal. Mas depois da sua construção, iniciar-se-á um novo processo de degradação desta floresta com consequências imprevisíveis.

A estrada trará carros, com eles se contaminarão os musgos afetando negativamente os invertebrados, bem como o ruído que afastará as aves dentro do seu refúgio. Já imaginaram o atentado acústico de um grupo de motards a “passear” pela estrada das Ginjas? Com a estrada chegarão pessoas, piqueniques e churrascos, bem como a possibilidade de incêndios, originados pela negligência. E depois dos passeios sobrarão os sacos de lixo, as beatas, as típicas garrafas de cerveja e as latas.

A estrada facilitará também o acesso a pessoas mal-intencionadas. Os pirómanos terão estrada aberta. Já imaginou o Património Mundial em cinzas? Nem pensem que a Fénix renascerá das cinzas! A estrada levará espécies vegetais exóticas invasoras com as quais a vegetação da Laurissilva não consegue competir. A estrada trará os “abandonadores” de animais, que soltarão em plena floresta gatos e cães, com o perigo em especial dos felinos se tornarem silvestres e dizimarem a avifauna (aves).

Por sua vez, à estrada chegará também um centro de interpretação ambiental que ao fim de algum tempo será encerrado e transformado numa loja de souvenires de tretas chinesas com a palavra Madeira. A acompanhar chegará também a cafetaria, o restaurante e os parques de estacionamento. E se alguém lembrar de edificar um oratório, também chegarão velinhas. Devem ponderar bem a escolha do santinho, pois com toda a certeza que vão precisar da sua intercessão.

A estrada vai também promover a fragmentação da floresta Laurissilva, ainda mais o habitat disponível para espécies animais endémicas. A força bruta do “custe o quer custar” e do “quer queiram, quer não” contrasta com a mais absoluta ignorância da comunidade sobre o projeto que está a ser urdido. Até agora, não sabemos que tipo de infraestrutura viária o Governo Regional pretende construir. Será um caminho agrícola, um caminho rural ou uma via rural? Será uma via empedrada, asfaltada ou ladrilhada?

No caso da via rural, tendo em conta a faixa de rodagem e as melhores bermas, teremos uma área desflorestada da Laurissilva equivalente a 10 estádios de futebol! Ou na melhor das hipóteses, no caso de um caminho agrícola, será desflorestada uma área de 7 estádios de futebol! Uma barbaridade! É incrível que a Floresta Laurissilva sobreviveu por 6 séculos de “colonialismo cubano”, mas poderá acabar destruída pelos representantes de um “povo superior”!

Os madeirenses defensores do bem comum devem unir-se e lutar contra este atentado à Floresta Laurissilva!

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Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020 00:59
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