Tripalium

 

Boas. Em primeiro lugar, parabéns ao CM e que nunca se desvirtuem. Gostaria de deixar algumas notas sobre o que penso da actualidade.

O Tripalium é a palavra de onde deriva a palavra trabalho, é a sua etimologia. Tratava-se de um instrumento de tortura para forçar os escravos a trabalhar mais. Daí que a palavra trabalho tenha sempre uma conotação com sofrimento. 

O trabalho é um direito (não uma mercadoria), sendo que o mesmo é o meio através do qual se introduz o indivíduo no todo, na sociedade.

Actualmente, atravessamos uma revolução industrial, que dura há 15 anos, em que destruímos 4x mais trabalho do que aquele que é criado. Isto é típico de qualquer revolução industrial, devido à substituição do homem pela máquina. Àqueles que vêem os seus postos de trabalho destruídos pela máquina e não têm mais nada senão a venda da sua força de trabalho para sobreviver chamam-se os proletários, classe que surge sempre nas revoluções industriais.

No início das mesmas, esta classe nunca tem consciência colectiva de si mesma, daí cometer os mesmos erros: devoram-se uns aos outros. Competem para ver quem cede mais direitos para garantia de migalhas. Em vez de agir como cardume, agem individualmente como peixinhos, sendo devorados pelos tubarões, que têm mais capacidade negocial.

Aparte disto, dentre o trabalho criado, a maioria são postos de trabalho fúteis, que se caracterizam pelo facto de o trabalhador, ao final de algum tempo, chegar ele próprio à conclusão de que o que faz não é útil para o todo, para a sociedade e/ou comunidade. Aí, começam os problemas psicológicos e psiquiátricos que podem levar ao suicídio, com as taxas a aumentar em todo o mundo.

Daí, só quando este novo proletariado começar a ter consciência de classe é que operará o que se segue sempre a uma revolução industrial: a revolução social. O espaço temporal entre uma e outra, noutras revoluções, foi de 60 a 80 anos. Ao vermos o que se passa na Finlândia, há a esperança que desta vez seja mais rápido. A Finlândia, governada por uma coligação de 6 partidos, do centro à esquerda, todos liderados por mulheres, quer reduzir a semana de trabalho para 24 horas, 4 dias de 6 horas.

Cuidado com as ladaínhas que a novilíngua do neoliberalismo cria, para amansar os sentimentos proletários. Basta ver que inventam a palavra "colaborador" para designar um trabalhador. Há a ideia de colaboração mas não existe contrato de colaboração mas sim de trabalho; não existe direito da colaboração mas sim do trabalho; não existe colaborador mas sim trabalhador.

Portanto, temos de abrir as portas da sociedade que se segue, a sociedade do lazer. A sociedade que não seja necessário trabalhar tanto, dividindo melhor o trabalho existente por todos, de forma a que todos tenham acesso e direito ao trabalho, tendo mais tempo livre para se dedicarem àquilo que mais gostam.

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Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 22 de Outubro de 2020 22:44
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