Camacha: o passado para compreender o presente (#2 de 3)

 


A segunda parte (de 3) de um trabalho louvável na descrição da Camacha que nos levará a uma conclusão. Se não leu a primeira parte, deve clicar AQUI.

E m junho de 2018, inaugurou-se o Mercadinho da Camacha, investimento realizado pela autarquia de Santa Cruz, permitindo um espaço digno aos produtores agrícolas da Freguesia para comercializar e escoar os seus produtos. Foi dado o mote para a necessidade de requalificar todo o Largo Conselheiro Aires de Ornelas. Os camacheiros anseiam pelo início das obras, num investimento suportado pelo Município de Santa Cruz apesar das promessas públicas (que como sempre cai em saco roto) do Presidente do GRM, de que o mesmo ajudaria neste investimento na Freguesia (deve ter adormecido sobre o assunto, tal como já assistimos em diversos momentos durante o seu mandato). À semelhança do que mencionei sobre a cobertura dos polidesportivos das Escolas, os camacheiros esperam que a requalificação do Largo da Achada e, consequentemente, do polidesportivo ali existente, seja inserido numa estrutura coberta, permitindo desta forma a prática desportiva ao longo de todo o ano, bem como permitir o seu uso para outro tipo de atividades socioculturais, servindo de local alternativo à realização das demais iniciativas que existem na Freguesia ao longo de todo o ano, principalmente nas estações do ano mais chuvosas. Já estamos fartos de eventos cancelados, adiados e prejudicados por causa do mau tempo.

No ano letivo 2018/2019, por deliberação da Secretaria Regional da Educação, Ciência e Tecnologia a EB1/PE do Rochão foi desativada. Sabe-se que, em inícios de 2018, a CMSC solicitou à Secretaria a possibilidade de cedência de um espaço para a dinamização de atividades socioculturais de alguns grupos do sítio do Rochão. Em janeiro deste ano, a CMSC voltou a reiterar a sua vontade em proporcionar o espaço desativado aos grupos em questão. Tendo em conta que a SRECT nos anos de 2018 e 2019 estava imensamente atarefada para dar resposta à solicitação, apenas em fevereiro do presente ano é que se dignificaram a responder, ainda por cima de uma forma lacónica e sem garantias de resolver/responder aos anseios das instituições para a utilização dos espaços vagos da Escola. Ao que parece, a Secretaria está a equacionar em desenvolver um projeto de cultivo de bolor na infraestrutura ou algo do género.

Em janeiro de 2019, o GRM visita a nossa freguesia para averiguar as obras de requalificação do Centro de Saúde, afirmando que o GRM investe (humor negro do nosso GRM) na Camacha. Para além da requalificação das questões estruturais do edifício, parece-me que se esqueceram das questões funcionais do mesmo, pois continuam a faltar médicos e outros profissionais de saúde para servir a população (problema transversal em toda a Região).

Nestes anos, o posto dos CTT foi fechado e para benefício da população a Junta de Freguesia assumiu a prestação desse serviço, contudo num edifício que não estava (nem está) preparado proporcionar este serviço à população com o maior conforto e eficiência (mas há que compreender que foi a solução encontrada na altura). Contudo, há que voltar a equacionar novas instalações num outro espaço mais central, permitindo e facilitando o estacionamento daqueles que procuram estes serviços, bem como permitir um adequado acesso às pessoas com mobilidade reduzida. A população agradece!

A Esquadra da PSP fechou e apesar dos esforços do poder autárquico e da reivindicação popular, até os dias de hoje o Ministério da Administração Interna e Comando Regional parecem não estar interessados em solucionar esta pretensão do povo. Um investimento numa nova Esquadra, algures na zona da Cancela, parecer-me-ia uma excelente ideia pois, de certa forma, rentabilizávamos os dinheiros públicos e seria uma boa opção estratégica para solucionar as reivindicações populares da Freguesia da Camacha e Caniço.

Foi retirado inicialmente o Quartel dos Bombeiros (das atuais instalações da Junta de Freguesia) para que anos mais tarde voltasse a serem reintegrados numas novas instalações no Bairro da Nogueira. Sabe-se que as instalações construídas não estavam adequadas nem garantiam as condições mínimas exigidas para a corporação de Bombeiros desempenhar com excelência o seu serviço. Face a estas deficiências detetadas, bem como com a diminuição do número de efetivos, o Quartel voltou a ser encerrado. Atualmente, apesar de terem sido realizadas novas obras de melhoramento do espaço, a Camacha aguarda (im)pacientemente da decisão da Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil, com posterior articulação com a Proteção Civil Municipal em destacar um contingente para servir a população da Freguesia. Contudo, sabe-se que não existe de momento um número de efetivos mínimo que possa acautelar o respetivo funcionamento do Quartel (vamos aguardar pela conclusão dos próximos cursos de formação de bombeiros).

Pela evolução da sociedade e respetiva globalização, pelo envelhecimento da população e pelo desinteresse dos jovens, a indústria do Vime na Camacha está pelas horas da morte. Se nada se fizer nos próximos tempos, no espaço de uma década prospetivo a extinção desta arte. Há que (re)pensar e preservar esta arte pelo bem do nosso espólio cultural!

(Continua)

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 10 de Setembro de 2020 22:35
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