As duas eras da Autonomia

 

Já repararam que vivemos uma era completamente diferente na Autonomia se compararmos ao período antes da falência da Região? É muito fácil de explicar.

Autonomia versão 1.0:
Vivemos décadas de abastança, não o povo, o erário público, não com dinheiro próprio mas disponível para obras e megalomanias. Foi um tempo onde o dinheiro subiu à cabeça e nasceram os Donos Disto Tudo (DDT), os políticos milionários que em conjunto com os DDT compram toda a Madeira. Tempos do Único Importante que destinava quem vingava no seu partido, quem podia viver na Madeira, ... viver mesmo em igualdade de oportunidades, quem podia ter áreas de negócio importantes desde que, dos seus, ou "casados" com eles. Tanto casamento de conveniência em negócios e na igreja. Tempos onde nasceu o contencioso das Autonomias, para acicatar o povo de que fora de portas, só nos queriam mal. Apesar da iliteracia, do elevado número de desistências dos estudos ou da emigração por necessidade, o povo foi elevado a Superior para encher o ego e colmatar as insuficiências, do povo e da política. Assim se instituiu uma cegueira fundamentada na falsidade. Esticou-se a corda no modelo, porque afinal o mandante não era bom e só sabia fazer assim, fomos para a falência e, até hoje, nunca se mudou o modelo e o paradigma. Continua-se a insistir porque funciona para o enriquecimento de meia dúzia, quando estoirar de novo eles estarão ricos e nós pobres e endividados, sem futuro e sem esperança, entregaremos dívidas às gerações futuras. Nessa altura, toda a propaganda desvanece-se, não teremos turismo, agricultura, cara idónea sem lavagens, compadrios e corrupção. Será possível piorar?

Autonomia versão 2.0:
Sim! O bode morreu politicamente. Na luta, os machos mais fortes da matilha venceram, refinados e ainda mais abusivos depois de décadas a aprender com o mestre. Tentaram o seu caminho mas deu errado e eleitoralmente estavam no limite do controle. O poder é supremo, a ganância o único santo ao qual se acende vela porque a igreja é um instrumento de poder e de corpo presente, não de fé e de bem ao próximo. Apesar da arrogância ser a mesma, o palavreado continuar hostil e orgulhoso, entre eles combinaram brigar mas manter o poder que conserva há décadas as castas escolhidas pelo PSD na Madeira que merecem vida. Começou a luta pela sobrevivência e as disputas internas chegaram ao limite com a coligação. Vieram outros ainda piores do que o original (que acusavam) e as cópias (que negavam estar combinados), chegaram os selvagens tachistas a provar que no centro não está a virtude e muito menos o equilíbrio, quiseram a todo custo o que há décadas viam o PSD se lambuzar. Tudo isto ficou sem pudor e descarado. Nós cidadãos, com dois olhos na cara, somos maltratados por observar como tudo errado, eles raivosos atiram com o que está à mão. Desejam a eliminação física da presença. O povo necessitado, cada vez mais, pelas ruas da amargura e sem independência financeira, arrasta-se pedinchando e sonhando com a Europa remediada da Madeira, onde entre pobres mesmo e os quase pobres somos mais de 60%. Do pouco partilhamos com outros infortúnios de outras terras que não são força motriz da economia mas sim peso na segurança social dos que descontaram. Mas, é política, sobrevivência, votos. Agora, endividados e com a economia em colapso há muito medo, os que eram pobres vêem a miséria. Os que abusavam da riqueza começam a sentir que nada é seguro, apesar do ordenado fixo, chegou o crime e o vandalismo, natural produto de quem não cuida da sociedade. O crime e o vandalismo, a par da pobreza, são obra da mentira do PSD Madeira.

E agora? ... vemos que a Autonomia vai mal quando passamos décadas a nos auto-excluir de tudo a nível nacional, para não terem mão nem poderem ver o regabofe da corrupção, mas agora, tesos, queremos ser envolvidos à força em tudo o que é projecto nacional para usar dinheiro de todos depois de termos abusado do nosso até 2060 ou mais. Mal conseguimos pagar o serviço da dívida e sonha-se com novo maná da Europa em favor do Covid ... como a Lei de Meios. Contra rotinas cristalizadas há décadas, o inimigo externo que já não contava com a Madeira independente e autónoma, recebe impropérios por fazer o que sempre quiseram, que estivessem longe mas agora, sem dinheiro, os insultos são os mesmos mas mudaram a polaridade. Agora é a República que não conta com a Madeira, esses malvados. Assim passamos o tempo todo enganados e as pessoas gostam. A Autonomia é uma tremenda cegueira por oportunismo e medo de todos.

Terça-feira, 15 de Setembro de 2020 10:57
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