A Mudança para o 5G

 

H á coisas que faço há mais de trinta anos logo de manhã. Uma é ler o Diário, a outra é tomar um comprimido de 20mg de Omeprazol para uma azia crónica que me azucrina a vida.  Além das letras gordas dos títulos do Diário e da necrologia - porque é sempre bom saber quem morre  primeiro nesta terra - gosto de ler as crónicas, os artigos e as opiniões dos ilustres que coabitam na minha Ilha.

Hoje particularmente, parei num artigo do meu amigo e ilustre Dr. Bruno Melim, cujo título era muito parecido com os que o Dr. João Paulo Marques já nos habituou. 

Sejamos justos. O Artigo “Investir, Acreditar e Mudar” não tem nenhum erro ortográfico, o que parece significar que o corretor do WORD está finalmente a funcionar. Mas se o texto não tem erros de palmatória, o conteúdo é ininteligível, isto é, não se consegue perceber a ideia do texto. 

Enquanto molhava o pão no café com o leite, ia-me rindo com o texto, e por diversas vezes tive de voltar ao parágrafo anterior para perceber a sequência das ideias. Depois de ler uma primeira vez fiquei com a ideia de que era apenas conversa para encher chouriços, corrijo, para fazer volume com caracteres e palavras desconexas.

Como sou teimoso, li uma segunda vez pois se calhar o defeito era meu. Não! Continuei na mesma! A minha parca inteligência parou logo com o primeiro parágrafo:

A capacidade de fazer mudanças advém de diversos fatores aleatórios

Não percebi, mas bonito fica, e dá logo um ar intelectual ao resto do texto. Mas, as frases lindas e profundas não terminam no primeiro parágrafo, e a meio da palha, surge outra tese:

Eu tenho um sacrifício no presente que é, no mínimo, inversamente proporcional ao ganho que terei no amanhã

... ou seja, trocando em matemática, inversamente proporcional significa que quanto menor for o sacrifício, maior será o sucesso, e vice-versa. Trocando em miúdos, não estudem, não se sacrifiquem, porque quanto maior for o sacrifício menor será o sucesso. Não foi isso que ele escreveu?

Espantados? O melhor é que não acaba por aqui. Mais à frente escreve que ...

Os jovens - e bem- perceberam que a diferenciação dos seus currículos pode ser vital num mundo (…)

 ... para depois escrever que:

a diferenciação dos currículos por si só de pouco vale

Mas se acham que o vómito termina por aqui enganam-se, logo a seguir, outra tese:

O fundamental nos próximos anos será desenvolver pessoas, não profissionais

Engasguei-me e caí para o lado! Será que ele percebeu mesmo o que escreveu? Julgo que não!

Na verdade já todos percebemos que não vale a pena estudar, fazer sacrifícios, criar curriculum, evoluir e crescer porque o que interessa mesmo e ter um cartão laranja para ter ganhar dinheiro nesta ilha.

E por isso, não é por acaso que este Governo está infestado de nomeações de Técnicos Especialistas sem qualquer curriculum que o justifique porque segundo o Dr. Bruno Melim O essencial passa por ter pessoas, qualificadas ou não (…)

E como se tudo isto não fosse suficiente para provocar a azia e o vómito em qualquer um de nós, o texto termina em apoteose:

É preciso que quem tenha o poder de facto o exerça, sob pena de o Mundo mudar muito mais do que a passagem do 4 para o 5 G

Não percebi mas julgo ser muito profundo!

Uma palavra de incentivo e coragem para os novos acionistas do Diário, porque com cronistas destes, o melhor mesmo é declarar já a falência. 

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Sexta-feira, 4 de Setembro de 2020 10:01
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