A Madeira corre o risco de "desaparecer" do mapa

 


H á cada vez mais gente sem nível a escrever artigos de opinião na Madeira e falo-o pensando nos periódicos regionais, certamente reconhecendo que alguns, poucos, trazem temas interessantes e mostram arrojo nas suas abordagens. O resto escreve para o seu interesse, tentando manipular a cabeça de todos para o que lhe dá mais jeito. Para alguns, é um escaparate, o escrivão é um produto para ser levado pelo poder quando vai às compras para alimentar o controlo.

Quem escreve artigos deve ter autoridade, reconhecimento e idoneidade, não pode ser um "bordamerda". O seu espaço público deve acrescentar uma visão, uma interpretação ou sugestão sobre a nossa realidade numa perspectiva para todos. O que acontece é a adoração à cleptocracia.

Acabei de ler os jornais regionais, de notícias que são anúncios e não concretizações, se fosse por eles este era um cantinho do céu. O DN tem uma rubrica que revisita o seu passado, muitas vezes recorda momentos chave, se quem me lê se der à maçada de revisitar a sua hemeroteca, verá o enorme manancial de tretas com as quais os políticos, ao longo dos anos, ajudaram a encher páginas de jornais ... cumprindo o seu objectivo e marcando presença e agenda. De facto, inutilidades para todos, mas com eles mantiveram o poder e o povo caiu que nem pato.

Com o actual controlo da comunicação social não se espere nada de melhor,
deixou de haver desafios para o poder e este,
vai se acomodar, refinando as acções que nos empobrecem.
Sem Justiça e comunicação social, sem contraditório, será o definhar completo.

O Correio da Madeira é importante, a meu ver. Para a sociedade
poder se manifestar sem perseguições sobre estas questões.

Ao constar estes factos e ao adicionar um Governo Regional, que ao longo dos anos foi vivendo cada vez mais para si, ou seja, alcançar o poder para executar objectivos pessoais ou sectários, ficamos consciencializados de que a Madeira vai por maus caminhos. Nesta altura é clara a incapacidade, incompetência e dependência que, tachismo algum, desse de pescadinha de rabo na boca onde um  chama o outro e outro sonha com a boa vida de algum, vai promovendo. Nenhum vai resolver porque não acarinham inteligência, só consomem riqueza.

Ao cidadão comum só resta viver de crise em crise, sem concretizar sonhos, sem aproveitar a sua esperança de vida, a pagar dívidas do GR pelo IRS, tudo com um vencimento miserável para depois, ninguém dizer novidade nenhuma, que vivemos com um rendimento incapaz de promover  uma vida condigna. Somos pobres, com todas as letras sem subterfúgios, nós não cumprimos os objectivos da integração europeia apesar de termos, e reclamarmos ainda mais condições excepcionais, para tal desiderato. O erro está aqui, não há inimigo externo.

Somos nós, os políticos, os governantes e os empresários de regime, numa democracia autoritária e cleptocrata que construímos aquilo que somos. Em especial as tais empresas de regime, peça transmissora e facilitadora do desvio de fortes quantidades de dinheiro que se perde em nenhures, em tretas, em elefantes brancos, em subsidiação que mais não é do que tapar a verdade ... são maus gestores e só vivem agarrados, com licença, à teta. No que digo a seguir foco-me só nos privilegiados, quanto mais o são ... mais reclamam e vejo os outros calados, eles sabem que o seu posicionamento pode efectuar exigências que o poder irá encontrar uma forma "legal" de lhes entregar dinheiro para se sustentarem e pagarem a máfia.

O Governo Regional executa uma subsidiação cruzada encapotada, subsidia em nome do povo uma e outra vez os mesmos. Algumas vezes por 3, 4 e 5 vezes: pela actividade, pelos meios, pelo ajuste directo, pela compensação e finalmente pelo cliente também subsidiado. As empresas do regime recebem e em monopólio, o que o povo recebe também lhes chega. É assim que se enriquece na Madeira meia dúzia em extremas condições de excepção. Assim, um berlinde é um grande gestor, e quando ainda não o consegue ser, então de certeza que é péssimo! Mas, eles compram tudo e não deixam nada.


Eu percebo a expressão "aumentar o salário mínimo é criminoso" (Ferraz da Costa), para quem encara uma mudança do dia para a noite, de forma insustentável mas, o problema é que estamos desde 1985 para alcançar a Europa e é por aí que me convenço que a expressão é um comodismo para nunca se arrancar, porque quem parte e reparte fica com a melhor parte. Um bom país é aquele que se robustece, não com poucos ricos mas com uma extensa classe média com poder de compra. Acabando com a caridadezinha manipuladora que vai mantendo os incompetentes à frente dos destinos. Quero falar mais disto (*).

O comissário europeu do Emprego, Nicolas Schmit, disse: "a ideia de um salário mínimo europeu é decisiva para uma concorrência justa na Europa, que "não pode" basear-se no 'dumping' salarial e nos salários baixos", no âmbito do processo de consulta sobre o Plano de Acção para o Pilar Europeu dos Direitos Sociais. O Plano, deve ser aprovado numa Cimeira Social a organizar pela presidência portuguesa da União Europeia (UE), em maio, no Porto, e vai incluir “uma proposta importante” da Comissão Europeia que será “uma diretiva sobre um enquadramento para os salários mínimos” na Europa. É curioso o que a Europa do Norte que tanto reclama da corrupção do sul entrega a Portugal para aprovar!

Mas o mesmo senhor abordou outro pormenor que até parecia estar a pensar na Madeira:

Uma boa segurança social é mais importante agora do que nunca, porque temos de proteger a saúde das pessoas e temos de proteger as pessoas que perdem o emprego ou dar-lhes a oportunidade de manter o emprego mesmo que a economia abrande com esquemas temporários de proteção do trabalho. Os direitos sociais podem ajudar a ultrapassar a crise e a tornar a recuperação mais robusta.

Em suma, e para não me alongar, as espertezas de décadas de Governação Regional vão se consumar em algo grave. As novas gerações vão perceber que a sua vida é lá fora, aos poucos vamos partir e deixar a região com aqueles que vivem do capturado Orçamento Regional. A Madeira vai mingar a todos os níveis, porque meia dúzia viveu para si e não consumou o sonho europeu na economia, na demografia, no turismo ... sim, no turismo, porque gente irritada com aquilo que se passa na Madeira, converte-se àqueles que os respeitam e não fazem boa publicidade. Aliás, já sentimos o isolamento.

É preciso interpretar o facto de "Portugal ser o quarto país da UE mais beneficiado pelo fundo de recuperação europeu", alguns ficam contentes por mais fundos para ladrões. Eu fico triste, é a realidade em números, somos pequenos, estamos drogados pelo dinheiro da Europa e não evoluímos. Apesar de pequenos levamos a 4ª maior fatia que não chegará, outra vez, a todos. (*) Que venha o sistema de vencimentos, pensões e segurança social europeus o quanto antes, com os "nossos" que guerreiam tanto o inimigo externo vamos morrer. Tirem-lhes poder, eles nunca vão desaparecer com as desigualdades sociais na Madeira, tem que ser a Europa a impor.

A Europa central precisa de se povoar para crescer, adeus Madeira.

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Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 26 de Setembro de 2020 10:11
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