D izem os locais que o Governo Regional não investe um euro no Porto Moniz. Dizem os cães de fila, da tacharia do PSD, que o Governo Regional investe demasiado no Porto Moniz, e até o Vereador do PSD daquela Câmara, ‘telecomandado’ pelos senhores da cidade, diz que o maior investimento per capita da Região está a decorrer no concelho de Porto Moniz. Eu gosto destas lides da política, vai-se fazer o quê? Alguns dizem que sou meio maluco por causa disso, mas já não é com esta idade que vou aprender.
Então, “aquinturduia” fui dar um passeio àquele concelho, íamos para a praia. Esta foi, aliás, uma prática recorrente da minha família este Verão, por conta da pandemia que nos impediu de sair da Região, e qual ‘meninos obedientes’ fizemos como o Governo nos pediu: férias cá dentro.
Ora, naquele dia em que chegámos a Porto Moniz o dia estava muito desagradável, e nada convidativo a fazer praia, e foi então que me lembrei, já que tínhamos feito aquela travessia, que devíamos rentabilizar o dia no Porto Moniz, pois há anos que só lá ia pela altura da Feira do Gado, por cumprimento de uma tradição de família, ou para fazer praia.
Arrancamos em direção ao Teleférico das Achadas da Cruz, um sítio que há muito queria ir, mas nunca tinha tido hipótese.
Digam o que quiserem do “Arroz de Lapas”, mas a verdade é que me deparei com um concelho muito ‘catita’ à medida que ia subindo para as Achadas, tudo bem arranjadinho, e com bom gosto. Entende-se o porquê de ter ganho da maneira que ganhou nas últimas eleições. A população sabe bem o que vê todos os dias.
À chegada à zona da Feira do Gado, e porque é dos sítios que melhor conheço naquele concelho, abrandei, e com alguma nostalgia vinha a contar à minha filha que já ali vinha desde que tinha a idade dela.
Qual não foi o meu espanto quando, à entrada daquele recinto, notei um abandono completo de umas instalações que tinha visto renovadas, com inauguração e tudo, na edição daquela feira há dois anos.
Fui investigar, quando cheguei a casa, tal foi a mania que aquilo me fez, e constatei que as obras de melhoramento custaram 600.000,00 (!) euros, pasme-se, seiscentos mil euros!
Desculpem o meu descaramento, mas eu cá já só penso em quanto é que se vai gastar para fazer obras de recuperação sobre as obras de recuperação que foram feitas há dois anos! É porque se era para ter gasto 600.000,00 euros a calcetar o recinto, porque ninguém me tira que foi só isso que fizeram, pois não vi melhorias em nenhum stand como dizem, a não ser uma tintinha fresca que disfarça a podridão da madeira que ali está há anos esquecida, bem podia ter eu ido lá!
Senti-me envergonhado, e ligeiramente revoltado. O abandono a que está vetado um espaço icónico da nossa Região, onde se realiza um dos eventos mais antigos das festividades madeirenses está, dois anos depois de se ter gasto 600.000,00 euros, completamente abandonado! Parece uma aldeia fantasma, daquelas que se vêm nos filmes.
Que é dos donos disto tudo que gritam aos sete ventos que o Governo Regional rentabiliza os investimentos efetuados? Onde andam aqueles senhores que só conhecem o caminho para a Feira do Gado quando vêm no carro do Governo, com choufer, pois sem ele não sabiam passar das piscinas para cima?
O Porto Moniz é uma terra pela qual tenho muito carinho, desde o tempo que lá ia com os meus pais, e por isso digo que aquela terra não merece tamanho desprezo e, quiçá, falta de respeito até.
Para o ano há eleições e, meus caros amigos, digo-vos que o estado em que se encontra o recinto da Feira do Gado é o espelho do tipo de relacionamento que o Governo tem para com aquele concelho e a sua população: deixa crescer o mato, nas alturas que a voz das pessoas não tem importância, e depois há sempre o belo do arranjinho em anos de eleições. Foi assim no ano passado, com as eleições regionais, e será assim para o ano, nas eleições autárquicas.
É bom que a população do Porto Moniz não esqueça, nas eleições do próximo ano, que tem sido sempre assim, ao longo dos anos. Para o Governo eles só servem para votos, e em anos sem eleições ficam esquecidos.
Ohhh Albuquerque, tu que tanto falaste e reivindicaste sobre a falta de apoios do Governo Regional às autarquias e onde chegaste! A governação tem de ir mais além do que a colocação de cães de fila nos cargos de decisão para que só te transmitam quem é que “não está na linha”, e quem precisa de ser “apertado”. Estas atitudes são de uma violência psicológica inqualificável sobre as famílias madeirenses.
