O lado BOM do Covid-19


Era tão bom colocar os sentidos para o mesmo lado ...


N este ritual semanal de ir à missa e ser bom cristão, muitas vezes nos deparamos com criaturas que vão cumprir o culto para serem bem vistas pela sociedade mas, não para mudar o seu comportamento em relação aos outros, ouvindo a Palavra de Deus. Muitas vezes olhei para gente que parecia estar numa ação de marketing. Outras vezes olhei para ateus mais cristãos no sentido de levar a vida pelos preceitos da igreja mas não comungando da fé.

Hoje participei numa missa pós Covid-19 e notei uma alegria imensa das pessoas em se reverem, de estarem e contarem as suas experiências. A larga maioria teve cuidado nos contactos. Observei que os fieis estão na generalidade mais atentos, menos frios e mais gentis perguntando se os outros precisam de algo. Contaram a experiência de estarem "presas", como estiveram entretidas, as rotinas que mudaram e a necessidade de telefonarem mais aos outros. Apreciei uma idosa que descobriu a internet e, mesmo não sabendo manusear, ordenou ao neto que pesquisasse como confecionar bem uma máscara. Parece que a família toda tem uma máscara por cada dia da semana e hoje, ela própria, levou uma que fez para si com sentido de humor e fez rir.

Concluo que o Covid-19, assassino e promotor de muita pobreza e falência de pessoas e empresas, que trouxe tristeza, tem um lado que deixa algo positivo.

Demonstrou muitas coisas ao mundo, difíceis de relatar na integra mas sobretudo, como é possível respeitar a natureza. O Covid-19 é minúsculo e reduziu grandes líderes mundiais a fantoches. Cidades que não viam o céu claro, passaram a ver e saíram da imundice do seu ar ganancioso. Os aviões aterraram, as pessoas descobriram como usar ferramentas alternativas para não viajar tanto nas máquinas mais poluidoras de transporte. As companhias aéreas reduzem a frota e abandonam os aviões menos eficientes ou desadequados. O Covid-19, mais do que a conferência de Paris, mostrou a má influência do homem no mundo mas também deu oportunidade a sermos melhores e a ceder no orgulho. A necessidade obrigou. Uma praia de desova de tartarugas este ano não teve o predador homem e vingaram muitas mais rumo ao mar. O petróleo, senhor de muitas desavenças, conheceu o infortúnio. A par das mudanças realizadas em prol do ambiente, teve um amargo de boca de dimensão apocalíptica que fez ser necessário aos seus produtores pagar para ser verem livres dele. Depois da efervescente corrida aos supermercados parece que agora precisamos menos de consumir, está mais ralo e calmo. Ninguém pode dizer agora que não pode mudar, é tempo de aproveitar a oportunidade.

Quase que me atrevo a dizer que redescobrimos de novo como voltar a ser em vez de possuir, de reaproveitar em vez de comprar novo e deitar fora. Voltamos a usar algumas máquinas paradas em casa e variamos a nossa ementa porque tivemos tempo. Redescobrimos os vizinhos, sobretudo nas zonas de prédios altos de apartamentos. Tomamos conhecimento das suas profissões, dos dotes artísticos, dos entretidos, do gosto em ter hora marcada para estar com os outros à varanda em vez de estar enclausurado em frente à televisão, rabugentos e enfadados por um dia de trabalho que, muitas vezes, têm daquelas pessoas que vão à missa mas não gostam do próximo.

Agora vamos saber mais sobre o que sente o preso, o doente, aquele que lhe bateu o infortúnio à porta, o que é dedicado mas as circunstâncias levaram à falência, os que contam mesmo, os que têm depressão e que a sociedade não deixa sair, etc. Mudou o palco e até parece que a vida mostrou o seu lado B ... de BOM, alguns tiveram a oportunidade de provar que são os melhores fora do fingimento do mundo moderno e dos gananciosos por dinheiro e poder.

Sou crente e tenho alguns anos, hoje assisti à missa mais verdadeira de sempre, pode ser de mim, pode ser dos outros, pode ser do momento mas era tão bom para o nosso futuro coletivo aproveitasse o lado BOM que o Covid-19 pode deixar.

Enviado por Denúncia Anónima 
Domingo, 10 de Maio 2020 11:21
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