Novos Tempos


Caro CM, já viram a carta aberta do padre José Luís Rodrigues no seu Facebook dirigida a Miguel Albuquerque? Acho que é pertinente que a plataforma republique porque foi um assunto já tratado no CM e não anda tudo cego.

Bem haja a um padre com coragem.
Obrigado se publicarem.


Desafio aceite, como sempre nestas circunstâncias sugerimos a visita ao original: LINK





NOVOS TEMPOS

Carta ao sr. Presidente do Governo Regional da Madeira

Sr. Presidente, Dr. Miguel Albuquerque,

E spero que se encontre com saúde, o melhor que se pode desejar em ambiente de epidemia, que o nosso tempo e modo tristemente nos trouxeram. Desejo que estes tempos sejam rápidos a passar e que deixem o menor número possível de vítimas.

A razão de ser desta missiva prende-se com duas situações, que a meu ver requerem outra estratégia completamente contrária àquela que o seu governo está a seguir.

Primeira questão, foi o aproveitamento matreiro da situação de pandemia que o grupos parlamentar do PSD e do CDS, aproveitaram para alterar o jogo democrático na Assembleia Regional, com alteração do Regimento da Assembleia em proveito dos dois partidos que formam a maioria parlamentar. Pode parecer-lhe um detalhe, mas a democracia também se faz com detalhes e os detalhes muitas vezes em democracia implicam muito com a vida de todos.

Segunda questão, está relacionada com a «guerra» frequente com Lisboa, particularmente, com o Governo Nacional e até ultimamente com o Presidente da República (último debate do Estado da Região).

Vamos à primeira situação. É inconcebível e ainda não quero crer que o Sr. Presidente esteja de acordo com esta alteração do Regimento da Assembleia Regional da Madeira. É aberrante que apenas um voto de um deputado vincule todo o Grupo Parlamentar do seu partido. Quer dizer que mesmo estando toda a oposição presente no Plenário, mas estando apenas um deputado do PSD e outro do CDS, são suficientes para aprovar qualquer medida porque estes dois votos valem pelos restantes votos dos colegas que estavam ausentes da Assembleia naquela ocasião. Os votos dos que estão presentes vinculam os ausentes que não votaram, assim passa a proposta mesmo que somem em maioria todos os votos contra ou a favor das restantes bancadas da oposição que nesta ocasião estavam em maioria.

Esta subversão aconteceu no 28 de Abril de 2020, aprovação com os votos dos deputados do PSD e CDS. Subverteu-se a ideia aceite por todos os democratas, uma pessoa um voto (no caso um deputado um voto) deixa de existir e passa a ser um deputado um voto representa toda a bancada, assim deste jeito: «os votos expressos pelos deputados presentes serão contados como representando o universo do respetivo grupo parlamentar». Significa isto que esta alteração vigora, não apenas em situações especiais como a que estamos a viver, mas em qualquer votação, seja assunto relacionado com a alguma emergência ou não.

Enfim, o que significa mesmo tudo isto é que para caricatura não está nada mal e para as hostes anti Madeira no Continente cai mais esta brincadeira como peixe na água para seu divertimento.

Segundo ponto. A «guerra» constante contra Lisboa, que, pensei ingenuamente que neste panorama pandémico poderia esbater-se um pouco, mas nada disso, até não tem poupado o Presidente da República. Não me parece que nesta situação como em tantas outras da vida, como diz sabiamente o nosso povo, que é com vinagre que se caça moscas.

Estamos em tempos em que deve imperar o respeito mútuo e a sabedoria para negociar. O tempo das guerras passou e a democracia é o regime ideal para negociar, não para guerrear. A estratégia da guerra frequente pode ter servido noutros tempos para conseguir dividendos, neste momento não serve, prejudica quem precisa de solidariedade, de apoios ou de que simplesmente se cumpram as regras do jogo. Imagino todos os dias como seria o discurso do Governo Regional da Madeira se fosse o governo nacional hoje com a mesma cor partidária… Faz sentido este pensamento, porque ao tempo do governo de Passos Coelho a Madeira deixou fazer tudo que ele entendeu sem pio, coisa que ainda a hoje a Madeira sofre por causa disso.

Por isso, esta brincadeira começa a agastar-nos e a concluirmos claramente que não passa disso mesmo, jogo para consumo interno, mas lá fora cordeirinhos mansos.

Deixo estas duas atenções ao seu cuidado e que venham tempos auspiciosos para a Madeira, com verdade, democracia e justiça. Desejo-lhe a si e família a melhor saúde. JLR

Enviado por chat do Facebook
Sexta-feira, 8 de Maio 2020 16:01
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