Há probabilidade elevada para eleições antecipadas na Madeira



A acção política de Miguel Albuquerque tem se pautado por um exagero verbal que atingiu o histerismo no Covid e a perda de controle na situação do aval. É cliente do exagero, da mentira e do melodramático.

O Governo Regional, apesar da tão propalada boa gestão das contas públicas e dos milhões que têm saído de há um ano para cá, primeiro para a campanha eleitoral e depois para as clientelas partidárias, desleixou-se na poupança com vista ao pagamento do serviço da dívida, os tais 300 milhões, só possíveis de cobrir com a contratação de um novo empréstimo. Se acompanha as notícias, sabe que a aflição do Governo Regional está nos cofres vazios, apesar da contínua cadência de milhões para obras, sociedades de desenvolvimento, APRAM, Casas do Povo, etc. Sei que todos desconfiam no que isto vai dar. Não temos dinheiro para esta vida e vai recair sobre o contribuinte.

Albuquerque, segundo os meandros políticos continentais, depois de anos a ofender publicamente Marcelo e Costa, vinha sendo desculpado na sua impertinência verbal com a justificação de "política de consumo interno e partidário" mas, desta vez foi mais longe, atreveu-se a ser ofensivo por escrito com os mesmos, Costa e Marcelo, e ainda ontem gozou com o "Pai Natal" para quem ia escrever uma carta. Para os delinquentes seguidores do seu partido, pode resultar numa grande façanha mas, para a Madeira é um veneno.

Albuquerque não consegue gerir a ideia de que a Madeira é parte integrante da nação portuguesa e não um caso à parte, apesar da sua Autonomia. O contínuo aumentar da fasquia da ofensa, para produzir os efeitos pretendidos, assemelha-se à injecção de dinheiro para ganhar eleições, chegou ao desplante de não reconhecer a Constituição, o que o levou a ficar sob observação pelos membros do mais alto tribunal do sistema judicial em Portugal. Um perigo iminente para a Autonomia Regional, quando as decisões deste são inapeláveis e definitivas.

Ao contrário do que uma boa parte dos madeirenses conhece, tem havido imensa condescendência na República. Albuquerque tem recebido alguns auxílios por pequenos episódios do foro privado que em nada abonariam à sua imagem pública. Albuquerque não só não respeita, como é incapaz de perceber que ultrapassou o risco vermelho. A sua sorte e o seu azar, é o silêncio dos mais altos representantes na República que o protegem de vexame e que, por tal, Albuquerque aproveita para aumentar a dose e construir outras narrativas.

Os 300 milhões não foram uma vitória, foram uma derrota ao estilo hecatombe pós autárquicas, onde manteve o lugar de Presidente do Governo Regional mas esvaziado de poderes. Albuquerque ofendeu e levou 300 milhões mas agora, nem República nem o misto de antigos e poder do PSD-Madeira, a par de Rui Rio, vêem como enfrentar uma crise medonha que aí vem em isolamento político com ele. Se o PSD a nível nacional prevê facturar com a crise, na Madeira, onde se aponta para a eliminação de 70% das micro, pequenas e médias empresas, o isolamento é inconveniente ainda para mais com as contas a derrapar e as dívidas a "cobrar". Em nenhuma situação Albuquerque é conveniente a Rui Rio, mais um que se junta ...

A suposta candidatura de Albuquerque para as Presidenciais foi vista como forma de pressão a Marcelo, uma ameaça tola para lhe retirar algum eleitorado mas, entendida como uma grande oportunidade para vê-lo pelas costas no seio do PSD Madeira ... dai alguns elogios sinistros. Albuquerque não está com ninguém, o que significa que do outro lado estão muitos que querem "resolver" este ambiente.

A dúvida está no comportamento do eleitorado para eleições antecipadas mas o PSD-M tem autoconfiança, a vontade de desaparecer com o CDS é tentadora. Muita gente no PSD da Madeira, do continente e ainda das altas esferas presidencial, executiva e judicial querem despachar este desrespeitador, e alguém está incumbido, se calhar os que batem palmas e fazem elogios para a saída airosa de Candidato Presidencial. A Madeira está isolada porque afasta-se da unidade nacional e não sabe o seu lugar no contexto da crise, não é a única com problemas mas, com Governo próprio está a produzir poucas soluções para os madeirenses, é o álibi.

A República pode "estar nas tintas" para Albuquerque mas para a Madeira, a se confirmar os valores previstos para Portugal na solução franco-alemã, para a crise pós Covid-19, a ajuda seria superior à Lei de Meios. Desde que ... sem Albuquerque ...

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 27 de Maio de 2020 20:19
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